sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
Nova Via
O sol que desejamos despertar
É fogo que aquece uma semente;
São muitos juntos pela estrada ardente,
Passado que se intenta recordar.
Desperta uma flor da juventude;
A luz que alumia a esperança;
Coragem que desfaz a segurança;
Centelha em alto-mar de quietude.
Povoa a mente ideia embevecida,
Surgida como o raio da alvorada;
Mudança que acena na chegada,
Fermento da loucura adormecida.
O escuro corredor esconde a porta;
Há chuva num deserto desalmado;
O antigo descoberto e requentado
Por gente que não teme a linha torta.
Maneiro-pau
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Cante lá que eu canto cá!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Este ano eu vou brincar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
No Serrote eu vou buscar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Pau do Judas pra dançar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Uma cana eu vou tomar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Hoje a cobra vai fumar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Começa bem devagar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Depois pode acelerar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Sobe a tora de Jucá!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Roda, roda, sem parar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Quem puder vai ajudar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Tem visita no lugar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Vou ali, vou acolá!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
Meia-noite eu vou voltar!
Maneiro-pau! Maneiro-pau!
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
Soneto C
Desde Ícaro o homem quer ter asa,
Voar livre, chegar perto do sol,
Sem gaiolas, igual ao rouxinol,
Ter o céu infinito como casa.
Um desejo recluso que extravasa;
Poder livre seguir o seu farol;
Cultivar no jardim um girassol;
Espraiando-se além da vida rasa.
Liberdade de ter todo momento;
Liberdade conforme o sentimento;
Liberdade de ir onde quiser.
Liberdade sem nada que oprima;
Liberdade de ter a própria rima;
Liberdade de ser o que se é...Liberdade de ter a própria rima;
Eliton Meneses
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
Soneto XCIX
O poeta não é o que escreve;
Escrever é apenas um ofício;
Ser poeta é viver sob o auspício
Da arte da palavra que enleve.
Ser poeta é viver de forma leve;
É notar a beleza desde o início;
É dançar no confim do precipício,
Mesmo a conta da vida sendo breve.
O poeta pressente o que afeta;
Tem a sábia pachorra do asceta;
Sente tudo que muda num relance.
O poeta repara em muitas cores;
Sabe bem cultivar as suas flores;
Faz da simples rotina um bom romance.
Eliton Meneses
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
Soneto XCVIII
Barquinho de papel vai na corrente
Da chuva do meu tempo de menino;
Navega tão seguro e inocente,
Nas ruas do meu sonho genuíno.
Pequeno e frágil barco vai contente,
Em meio à tempestade peregrino,
Na tarde gris da Palma, que é descente,
Começa a vislumbrar outro destino...
Os pássaros já cantam no sereno;
Um arco-íris corta o fim da tarde,
Enquanto o barco avança o meio-fio.
Depois de encontrar o céu ameno,
Já quase noite, sem nenhum alarde,
O barco chega enfim ao grande rio.
Eliton Meneses
sábado, 18 de janeiro de 2020
Soneto XCVII
Mais um dia passou sem novidade,
Vai semana, vai mês e mais um ano;
No entanto, não passa uma saudade
Permanente, voraz, de muito dano.
Tudo em volta perdeu a validade;
Abateu-se um profundo desengano,
Desde quando partiu sua metade,
Toda a vida tornou-se um só engano.
Novamente a noite foi em claro,
A manhã despertou sem alegria,
Sem os cheiros e cores de outrora.
Um amor como aquele é muito raro;
Fez no mundo real a utopia,
Até quando num sopro foi embora.
Eliton Meneses
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
Soneto XCVI
Atado nos refolhos dos seus medos;
Vencido pela ingente ansiedade;
Perdeu no labirinto a liberdade,
Depois de aflorarem seus segredos.
Cansado de viver de arremedos,
Um duplo procurando identidade;
Ao longe, vislumbrava a sanidade,
Atrás o sonho escorre pelos dedos.
Nutria amor sublime sem coragem,
Até que a vida fez a diferença,
Lembrando dos afetos que esquecemos.
Quem sente à noite junto a mesma aragem
É uno na saúde e na doença,
Pois somos as escolhas que fazemos.
Eliton Meneses
domingo, 12 de janeiro de 2020
Soneto XCV
Cada qual tem aquilo que merece;
A rainha faz jus a uma coroa;
Apesar de levar a vida à toa,
Foi nascer onde o ouro mais floresce...
A justiça do mérito parece
Cavilosa desculpa nada boa;
Tantos ralam expostos à garoa,
Sem que a vida lhes traga uma benesse.
Quem trabalha mais duro desconhece
Que a dureza em si não tem valor
E o sistema é que diz quem vale mais...
Entre o forte e o esperto prevalece
Quem no palco da vida é o ator
Mais versado nas regras desiguais.
Eliton Meneses
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
Soneto XCIV
Procurava faz tempo algum tesouro,
Escondido na areia do deserto,
Até quando pensou ter descoberto
O segredo que faz do ferro ouro.
Conseguiu se livrar do mau agouro,
Das amarras do além se viu liberto;
Finalmente da noite foi desperto,
Era homem formado e não calouro.
Animou-se com tanto engenho humano;
Agarrou-se com fé na inteligência,
Converteu-se em profeta da razão.
Mas um dia cansou de ser profano;
Quão estreitos os lindes da ciência,
Melhor mesmo o conforto da ilusão...
Eliton Meneses
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