terça-feira, 14 de maio de 2019

Soneto LXXI


Eu também percorri o meu deserto;
Mergulhei no vazio da existência;
Já provei da amarga experiência,
Quando nem minha sombra dei por perto.

Sem coragem, sentei a céu aberto;
Entre pedras, exausto, sem decência;
Com sinais da mais rude incoerência,
Sob um sol sem calor me vi desperto.

Lobriguei entre a névoa alguém que chora,
Um espectro perdido que me implora,
Acossado de peso sobre os ombros.

Uma luz me surgiu na noite escura;
De inopino saí dessa tortura,
Ressurgi quase ileso dos escombros.

Eliton Meneses

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