"A experiência sugere que se os homens não podem lutar por uma causa justa porque essa causa justa venceu na geração anterior, lutarão então contra a causa justa." (Francis Fukuyama. O fim da história e o último homem. Ed. Rocco. Rio de Janeiro. 1992. p. 396).
sexta-feira, 30 de novembro de 2018
QUOTES
"Un roman est un miroir qui se promène sur une grande route." (Stendhal, Le rouge et le noir)
"E quando o amor é mais intenso, não necessitam nem sussurrar, apenas se olham, e basta, seus corações se entendem..." (Gandhi)
"Estoy acostumbrado a luchar contra gigantes. Jamás los he derrotado, pero nunca sucumbí."
"No próximo instante da eternidade, não estaremos mais aqui, nem você nem eu!"
"O que seria desse céu enorme sem esse ser minúsculo que o contempla deslumbrado?"
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
Sonho
A trupe desfila num palco medonho
Seus trajes grotescos, clarins e bandeiras,
Vistosos tecidos, comprados nas feiras,
Em filas compridas de canto enfadonho.
Talvez fosse mero produto dum sonho,
Quem sabe verdade, melhor nem pensar;
Aplausos havia, mas sem despertar
O riso na cara de quem aplaudia;
O povo debaixo era quem mais sofria,
Em cima verdugos suspensos no ar.
A peça era nova, seu grupo bisonho,
Comédia ou tragédia, pudicas rameiras;
Roteiro não tinha, nem eiras nem beiras,
Aos olhos silentes dum mestre tristonho;
Abutres sedentos, um bispo risonho;
Tamanha incerteza que teima em chegar,
Largada na festa sem saber dançar;
As nuvens pesadas no ocaso do dia
Fizeram que a gente, em meio à agonia,
Sonhasse com a fuga na beira do mar.
Eliton Meneses
sábado, 24 de novembro de 2018
FIM DA HISTÓRIA
"Platão argumentava que embora thymos fosse a base das virtudes, por si só não era bom nem mau, mas precisava ser treinado para servir ao bem comum. Em outras palavras, thymos deveria ser governado pela razão, e transformado num aliado do desejo. A cidade justa seria aquela em que as três partes da alma estivessem satisfeitas e equilibradas sob a direção da razão. O melhor regime era extremamente difícil de ser alcançado porque devia satisfazer todo o homem simultaneamente, sua razão, seu desejo e seu thymos. Porém, mesmo que não fosse possível aos regimes reais satisfazer completamente o homem, o melhor regime constituiria o padrão pelo qual podiam ser medidos todos os regimes existentes. Seria melhor o regime que satisfizesse melhor as três partes da alma simultaneamente." (Francis Fukuyama. O fim da história e o último homem. Ed. Rocco. Rio de Janeiro. 1992. p. 404).
quinta-feira, 22 de novembro de 2018
Soneto LXIII
Entraste por um beco sem saída,
Calçado num chinelo muito gasto;
De dia, te sentias herói basto;
De noite, simples besta decaída.
Contavas não sofrer a recaída;
Querias percorrer caminho vasto;
Amigos? Tão somente um velho casto;
Nas contas, tanta coisa destruída.
Procuravas sentir felicidade
Em matérias fugazes, ofuscado;
Apostavas ser claro o tempo escuro.
Afastado decerto da verdade,
Não sentiras nas portas do mercado
A fragrância das flores de Epicuro.
Eliton Meneses
domingo, 18 de novembro de 2018
Filosofia x Materialismo
"Na Grécia Antiga, existia uma cidade na qual, em todas as paredes do mercado, se havia escrito toda a filosofia da felicidade de Epicuro, procurando conscientizar as pessoas de que comprar e possuir bens materiais não as tornariam mais felizes, como elas então acreditavam." (Wikipédia)
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
HINO
Também sou do tempo em que se cantava o hino nacional na escola, mas não nutro nenhum saudosismo dessa pouco espontânea manifestação de patriotismo. Recordo que na Escola de 1.º Grau Vilebaldo Aguiar, em Coreaú/CE, era o momento mais entediante. As aulas normalmente atrasavam pela dificuldade de se formarem as filas. Em meio à balbúrdia, sempre havia aquele retardatário que furava a fila para ficar mais à frente, aquele que ficava empurrando os outros, aquele que não continha a flatulência... Quando se conseguia finalmente organizar a fila, começava-se a cantar o hino com um desinteresse tão medonho e ainda com os atropelos mais hediondos da letra e da melodia que dava era desgosto... Uma passagem me atraía especialmente a atenção: "Ao som do mar (...) do céu profundo." Juro que entendia, quase colando o ouvido na boca do colega da frente, de trás e do lado, "Ao som do mar(aújo) o céu profundo." Ficava intrigado porque a coisa não continha qualquer nexo com nada que fosse compreensível. Maraújo? A única coisa a que me reportava Maraújo era a cidade de Moraújo, vizinha a Coreaú, mas tão inexpressiva geográfica e historicamente que achei pouco provável que fizesse jus a ter o nome no hino nacional e, caso tivesse, eu pensava, por que o hino não fazia menção também a Coreaú? Afinal, eram cidades arquirrivais e ultimamente Coreaú era até mais próspera...
Um dia cheguei em Cezinha, apontado como o melhor aluno do 7.º ano, e procurei tirar a dúvida:
– Cezinha, aquela parte do hino que diz assim: "Ao som do mar(aújo) o céu profundo..." é mar(aújo) mesmo, né?
Cezinha deu uma gargalha e respondeu com bastante convicção:
– Mar(aújo), não, bicho burro! O certo é Moraújo!
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
THYMOS
"O desejo de reconhecimento é também a sede psicológica de dois sentimentos extremamente poderosos: a religião e o nacionalismo. Com isso não quero dizer que religião e nacionalismo podem ser reduzidos ao desejo de reconhecimento, mas que o fato de terem suas raízes em thymos é o que lhes comunica sua grande força. O crente religioso atribui dignidade a tudo que a religião considera sagrado – um conjunto de leis morais, um modo de vida, ou objetos especiais de adoração. Enfurece-se quando é violada a dignidade daquilo que considera sagrado. O nacionalismo acredita na dignidade do seu grupo nacional ou étnico, e portanto em sua própria dignidade qua membro desse grupo. Procura fazem com que essa dignidade seja reconhecida pelos outros e, como o crente religioso, enfurece-se quando ela é ofendida ou menosprezada. Foi uma emoção timótica, o desejo por parte do senhor aristocrata, que deu origem ao processo histórico e foi a emoção timótica do fanatismo religioso e do nacionalismo que impulsionou esse processo, por meio de guerras e conflitos, através dos séculos. As origens timóticas da religião e do nacionalismo explicam por que os conflitos sobre 'valores' são potencialmente muito mais mortais do que os conflitos sobre bens ou riquezas materiais. Ao contrário do dinheiro, que pode simplesmente ser dividido, a dignidade é algo intrinsecamente intransigível: ou você reconhece a minha dignidade, ou a dignidade do que é sagrado para mim, ou não reconhece. Só o thymos, à procura da 'justiça', é capaz de verdadeiro fanatismo, obsessão e ódio."
(Francis Fukuyama. O fim da história e o último homem. Ed. Rocco. Rio de Janeiro. 1992. pgs. 262/263).
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