sábado, 5 de maio de 2018
LIII
Passa-se o tempo e não muda o retrato;
Chamas devoram os móveis do quarto;
Gritos ecoam, atrozes, um parto;
Corre quem pode pro páramo ingrato.
Chegam distante notícias do fato;
Negam as causas, do que estou farto;
Nada traduz essa dor que comparto;
Segue existindo entre nós um hiato.
Sempre sujeitos aos mesmos percalços,
Pobres sem casa, desnudos, descalços,
Vagam sem rumo nas ruas sem fim.
Seres humanos, com frio, com fome;
Mortos ou vivos, pervagam sem nome;
Dores que sentem também doem em mim.
Eliton Meneses
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