sexta-feira, 18 de agosto de 2017

SONETO XXIX


O eterno se achegou com ironia,
Me deu o amargo féu e a doce cana;
Levou-me inerte à porta do nirvana,
Depois partiu qual mera fantasia.

Senti a mais perfeita sintonia;
O vento que arrebata uma cabana;
Tentei seguir contrário à caravana,
Fiquei sem luz no sol do meio-dia.

Eu vi no alto céu o abismo infindo;
No mar revolto, a barca destroçada
Do velho pescador de alma humana.

O símbolo sagrado foi bem-vindo,
Pois quase aquela força disfarçada
Tornou-se do meu peito uma tirana. 

Eliton Meneses

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