domingo, 31 de julho de 2016

O QUE HOUVE, AMIGO?


Por que estás assim capiongo?
Não imaginavas ser tão longo
O mar que estás atravessando?
Sei bem no que estás pensando:
As águas deveras 'tão revoltas,
Mas as velas precisam estar soltas
Para a jangada cruzar o temporal.
Esse balanço, amigo, bem ou mal,
É o compasso da vida, que não para;
Às vezes, no outro nem se repara,
Até que o mal se achegue a nós.
Agora, amigo, que estamos a sós,
Diga-me o que queres então fazer,
Não queiras somente maldizer
Os céus pela graça não recebida;
Ainda não é tempo de partida;
Estás meio assim, acabrunhado,
O rosto um tanto encarquilhado,
E pede-me encarecido um conselho?
Amigo, não sou nenhum espelho,
Não sei como finda a tempestade
Ou mesmo se existe uma verdade;
Só sei que é preciso ter coragem;
E, se queres ainda uma mensagem:
Vamos, amigo, sigamos em frente.
É hora de remar, tranquilamente,
Nós dois, juntos, no mesmo barco,
Que uma hora, talvez sem perceber,
Chegaremos enfim naquele marco
Que no horizonte começa a aparecer.

Eliton Meneses

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