Se essa rua falasse,
diria: – Menino, por onde andas?
Há quanto tempo?! Manda notícia!
Se essa rua cantasse,
cantaria uma cantiga saudosa,
como um velho rádio de pilha,
sempre ligado ao romper da aurora.
Se essa rua corresse,
correria, como eu corri,
acompanhado ou solitário,
nos paralelepídedos irregulares,
ainda marcados na memória.
Se essa rua espiasse,
teria visto eu nascer,
na velha maternidade,
que já nem existe mais.
Se essa rua ensinasse,
teria ensinado um aluno sonso,
aéreo e desalinhado,
oito anos na mesma escola.
Se essa rua chorasse,
choraria a partida solitária,
sem nenhuma despedida,
há tantos anos atrás.
Se essa rua soubesse,
saberia que eu dei um tempo,
aluguei outras ruas,
mas não a esquecerei jamais.
Eliton Meneses
Foto: Mardone França
Foto: Mardone França
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