sexta-feira, 6 de março de 2015

ÀS BELEZAS DA CRIAÇÃO












Quando a névoa se apaga e abre o céu,
O horizonte se mostra soberano;
Traz o sol e o solo é como pano
Que se enxarca, dourado, pelo mel
De fartura e de vida. Menestrel
Tento ser para melhor retratar
Nas imagens que agora vou cantar
As belezas sagradas do Artista.
Ilumine, meu Deus, a nossa vista
E que nunca cessemos de louvar.

O amor reverbera em cada traço
Da pintura terrena envivecida;
É no cheiro, na cor, e quando ouvida,
Espetáculo de aves no espaço;
A orquestra selvagem forma um laço
Com o som das folhagens sob o vento.
E é mágico sentir cada momento
Que percorre, o tempo, na ampulheta.
Nós partimos ligeiro do planeta;
O que fica é o nosso crescimento.

Nada em vão foi criado neste mundo.
Todo mal nos é útil se domado;
O primeiro a ser remediado
É o gesto arrogante que, no fundo,
Desmascara o lado mais imundo,
A fraqueza, a si mesmo enganar
Em julgando, o homem, ser sem par,
Escolhida e perfeita criatura:
Ilusão que desaba em desventura
Quando a morte lhe chega a visitar.

As florestas, os mares, animais;
O cheirinho da terra já molhada;
A colheita da roça cultivada;
A fartura de peixes pelo cais
Resultante da pesca pelas nais;
O afago infantil de nossos filhos…
Não falta aos poetas estribilhos
Para expor, desse mundo, a beleza
Revelada, ó irmãos, na sutileza
Dos detalhes da vida e do seu brilho.

Benedito Gomes Rodrigues
Membro da APL

Nenhum comentário: