O cão que olha o marasmo da tarde,
Sentado ao chão duma esquina qualquer,
Não vê na rua nem home ou mulher
E sopra o vento e o sol quente arde.
Enquanto os homens em casa descansam,
Os cães calados ao nada observam.
Nem latem ou correm, ali se reservam;
Vão-se os segredos que vistas alcançam.
Errados, pensam que os cães não sabem
O que acontece, nem o que se passa;
Eis, no silêncio é que está a graça.
Ocorre aos cães no que ali lhes cabem
Ouvir o grito do tempo lá fora
Que corta as coisas, e a nós devora.
Benedito Gomes Rodrigues
Membro da APL
Um comentário:
Fantástico! Adorei.
Rute Farrapo
Postar um comentário