quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Soneto LXXXI


Muito antes de sermos o que somos,
Fomos bichos ferozes, primitivos;
Enredados em fluxos instintivos,
Procuramos não ser o que já fomos.

As entranhas dos nossos cromossomos
Guardam marcas de tempos aflitivos;
A despeito dos tantos lenitivos,
Somos muito mais fera que supomos.

Possuímos furtivos atavismos,
Uns desejos sublimes enlaçados
Com arroubos latentes destrutivos.

Percorremos complexos silogismos,
Cultivamos amores elevados,
Vez em quando sem freios efetivos.

Eliton Meneses