sábado, 14 de setembro de 2019
Soneto LXXIX
Andei por muita légua e já não vi floresta;
Somente cerca, gado e árvores cortadas;
O céu, um fosco gris, as nuvens deformadas;
Fumaça a encobrir as ambições funestas.
Os animais corriam em busca do que resta;
Os índios lamentavam as tabas devastadas;
Um parvo inda nutria as ilusões passadas;
A Terra consumida em chamas indigestas.
O sol se apagava a milhas de distância;
Um grito de socorro ecoa pelo mundo;
Ninguém pode negar um tal paroxismo.
A Amazônia tem tamanha importância;
Não pode sucumbir a sopro moribundo,
Nem fazendeiro rir à beira do abismo.
Eliton Meneses
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