domingo, 19 de março de 2017

PETRARCA E LAURA










Soneto XXII

S'amor non è, che dunque è quel ch' io sento?
Ma s'egli è amor, per Dio, che cosa et quale?
Se bona, ond'è l'effectto aspro mortale?
Se ria, ond'è sì dolce ogni tormento?

S'a mia voglia ardo, ond'è 'l pianto e lamento?
S'a mal mio grado, il lamentar che vale?
O viva morte, o dilectoso male,
come puoi tanto in me, s'io no 'l consento?

Et s'io 'l consento, a gran torto mi doglio.
Fra sì contrari venti in frale barca
mi trovo in alto mar, senza governo,

sì lieve di saver, d'error sì carca,
ch'i' medesmo non so quel ch'io mi voglio;
e tremo a mezza state, ardendo il verno.

Francesco Petrarca

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Soneto XXII

Se amor não é, qual é este sentimento?
Mas se é amor, por Deus, que coisa e qual?
Se boa, por que tem ação mortal?
Se má, por que é tão doce o seu tormento?

Se eu ardo por querer, por que o lamento?
Se sem querer, o lamentar que val?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Tanto podes sem meu consentimento.

E se eu consito sem razão pranteio.
A tão contrário vento em frágil barca,
Eu vou para o alto mar e sem governo.

É tão grave de erro, de ciência é parca,
Que eu mesmo não sei bem o que eu anseio
E tremo no verão e ardo no inverno.

Francesco Petrarca

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