(...)
– Grau de instrução?
– Ensino superior incompleto.
– Toma algum remédio?
– Vários.
– Dorme bem?
– Não durmo sem os remédios.
– Tem alucinações?
– O tempo inteiro. Agora mesmo vejo algo do seu lado.
– Do bem ou do mal?
– Assustador. Não queira ver.
– Quando começaram as alucinações?
– Há cinco anos. Não recordo o dia.
– Seu raciocínio é bem coerente.
– Diagnosticaram esquizofrenia. Tenho consciência. Não tenho controle.
– Algum episódio de violência?
– Muitos. Estou prestes a atacar esse demônio que fala ao se ouvido.
– Ataca o demônio e atinge as pessoas?
– Às vezes ele penetra nas pessoas. Não há como poupá-las.
– É adepta de alguma religião?
– Não.
– Teve namorado?
– Isso não lhe interessa! Os demônios em sua volta estão me insultando!
– Feche os olhos. Esqueça os demônios. Costuma sonhar?
– Tenho apenas pesadelos. Toda noite.
– Tem algum grande sonho na vida?
– Morrer.
– É esse seu grande sonho?
– Sim. Ainda não tive coragem.
– Não acredita em Deus?
– Nunca vi Deus rondando as pessoas.
– Então só acredita vendo?
– Acho que nisso sou igual a todo mundo.
– Que curso fazia?
– Medicina.
– Deseja ainda retomar?
– Não.
– Por que você aparenta rir quando fala dos demônios?
– Alguns são meus amigos. Gosto do que eles fazem.
– Gosta das maldades que eles fazem?
– Os que são meus amigos só fazem coisa boa.
– Esses você não ataca?
– Não. Só os do mal.
– Existem demônios do bem e demônios do mal?
– Sim. Os que estão do meu lado são do bem. Os outros, do mal.
– O que define o lado de cada um?
– Eu defino.
– Tirante os demônios, você parece uma pessoa normal. Precisa mesmo de um curador?
– Sim.
– Conhece uma cédula de dez reais?
– Sei as capitais dos 193 países do mundo.
– Ainda assim, considera-se incapaz para os atos da vida civil?
– Sim.
– O que diferencia as pessoas dos demônios?
– Os demônios possuem poderes fantásticos. As pessoas, não.
– O que diferencia as pessoas dos demônios?
– Os demônios possuem poderes fantásticos. As pessoas, não.
– Você quer morrer para se livrar dos demônios?
– O mundo seria um tédio sem eles.
– Então, para que morrer?
– Para me transformar num deles.
– Quem garante isso?
– Os que estão do meu lado.
– Então, para que morrer?
– Para me transformar num deles.
– Quem garante isso?
– Os que estão do meu lado.
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