domingo, 29 de julho de 2012

ACADEMIA PALMENSE DE LETRAS



Há problemas e sonhos reprimidos.
Há vozes na iminência de despertar. 
Há uma longa senda a ser percorrida.
 Há toda a crise de valores a contestar.

Temos alguns assentos preenchidos;
Outros tantos que esperamos ocupar;
A militância cultural a ser perseguida;
E bandeiras libertárias para professar.

De mãos dadas seguiremos fortalecidos 
Contra a corrente do marasmo a velejar.
No mar revolto das trevas dos oprimidos,
O segredo do mundo das luzes desvendar.

Somos idealistas meio loucos reunidos
Da terra que dorme e esqueceu de sonhar.
Nas mãos, flores e livros; olhos comovidos;
Escrevemos poesia com palavra e caminhar.

Francisco Eliton Meneses

sexta-feira, 27 de julho de 2012

CAMINHOS DE SILÊNCIO


Esses caminhos
Entrecortados de silêncios
Me preenchem de sussurros

A voz das ondas
Canta ao longe
E o silvo do vento nos coqueirais
Responde alguma indistinta coisa
Sobre a minha cabeça

Não sei onde esses caminhos me levam
De repente,
Percebo-me tão distante de mim mesmo
E da vida que me espera
Que não desejo mais voltar

O grito alegre de um menino me chama
Corro atrás da criança que fui um dia
Mas os meus filhos fogem
Pelo gramado verdejante do tempo

Um dia será tudo outra vez silêncio
E o vento a falar, ao longe,
Nos meus ouvidos pelosos.

Aracaju, 13.XI.2010

Nagibe de Melo Jorge Neto
Poeta e Juiz Federal

O MEU AVÔ NAGIBE


Quando nasci, faltavam 3 dias para o meu avô completar 68 anos. Meus pais moravam em Quixadá e ele, em Fortaleza. A primeira lembrança que tenho dele é de uma véspera de natal ou outra comemoração; minhas tias e tios todos reunidos pela manhã, antes da festa, e eu brincando com uma bola de encher. - Nagibinho, me dê esse balão, meu filho. Se estourar, é capaz do seu avô ter um troço com o susto – eram os cuidados da tia Salete.

Por essa época o vovô já era meio surdo e estava longe de onde eu brincava; até hoje me pergunto como se daria o susto.

Uma grande distância nos separava; mas nem por isso, ele deixou de me influenciar enormemente. Eu observava de longe aquele velhinho de andar arrastado, circunspeto, indiferente às superficialidades da vida, reverencial. O modo cerimonial como se sentava à mesa na hora do almoço, sempre depois de acender a luz da sala de jantar e antes de bater com o garfo no prato, anunciando a refeição. A maneira como, invariavelmente, servia-se:

– Primeiro o arroz, depois o feijão e depois o macarrão, depois, se ainda tiver, pode vir tudo que quiser. – cantava para fazer graça.

Depois do almoço, o pudim. E o café, cuja xicrinha levava para a varanda, onde estirava as pernas sobre outra cadeira, depois do invariável – Aaahhh! Tinha fama de dengoso, e de teimoso também, o meu avô. Mas teve uma vida bem ativa. Aposentou-se só aos 70 anos de idade, na expulsatória, como Sub-Procurador Geral de Justiça, o que não o impediu de continuar a trabalhar até quase 80, como assessor do Des. Ferreirinha, no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Tinha orgulho de ter, em determinado ano, alcançado a marca de mil pareceres lavrados na Procuradoria de Justiça do Estado do Ceará.

Que a cerveja era a sua bebida preferida, só soube por ouvir dizer. Não alcancei essa época, só bebi com ele uma vez. Cismou um dia que voltaria a beber. Abriu o portão e foi para o bar, sob os gritos de apuros da minha avó. Trouxe ainda duas garrafas, que bebemos na varanda. Foi só, ou desistiu da idéia ou vez aquilo de pirraça com a vovó.

Depois de aposentado, vi-o muitas vezes no seu gabinete, datilografando em uma remington manual. Aquela pequena sala, a qual só se podia atingir passando pelo quarto da vovó e pelo quarto de vestir, era mágica pra mim, tinha uma ampla janela que, nas horas viçosas da manhã, espalhava uma luz leitosa e fresca sobre a escrivaninha negra do vovô, repleta de pequenos cacarecos, canetas, relógios e despertadores de todos os tipos, lanternas, canivetes e, até, uma ou outra ferramenta. A mesa onde se apoiava a máquina de escrever ficava por trás do bureau e da cadeira giratória, com apoio para os braços, de madeira de lei; mais que isso, cabia apenas a pequena estante com poucos livros e, na parede, um pôster fotográfico, onde eu, com apenas dois anos de idade, sorria em preto e branco.

Foi nessa estante que encontrei, já adolescente, estudando em Fortaleza, uma brochura intitulada O misterioso triângulo das Bermudas. Depois do almoço, o vovô com as pernas esticadas, sentado da dita varanda, palito no canto da boca, vendo-me folhear o livro, falou. - Quer levar? Leve... - Acho que já perdi o livro que, naquele dia, carreguei com rematado orgulho.

Eu morei um tempo perto da casa dele e sempre andava por lá. De certa feita ele me pediu para comprar o leite, deu-me o dinheiro e fui satisfeito como o quê. Voltei com um saco de leite B; o C havia acabado. Ao receber o pacote, não teve dúvidas. - Olhe Wanda! Esse menino é abestado...

Cresci ouvindo ovações ao vovô, mas eram a minha avó, as minhas tias, o meu pai. Não se deve dar muito crédito, embora não se desmereça. Quando ingressei na Faculdade de Direito, escutei outras referências a ele. Alguns professores o conheciam e não hesitavam em tecer-lhe comentários elogiosos. Um dia transmiti-lhe que um professor de Direito Penal mandara lembranças e um grande abraço. - Quem?... O Desembargador?... Foooi?... Ehehe. - O professor era um renomado advogado.

Às vezes via-o tão lúcido, escrevendo alguma coisa ou fazendo versos, que me perguntava onde estavam os livros do vovô, a sua grande biblioteca de Direito Penal. Papai me dizia que uns haviam sido emprestados, outros se deterioraram pelo Mondubim, no sítio onde eles moraram por um tempo. Uma vez, num desses momentos pós almoço, não sei porque, o vovô recitou pra mim, como que para testar sua memória, o art. 81 do Código Civil, enunciando o conceito de ato jurídico. Acabara de ser entabulada a nossa mais profícua discussão jurídica.

Jamais o vi lendo coisa diversa dos pocket books de faroeste, deitado de lado na ampla cama, o abajur aceso. Tinha aos montes. Era como se sua vida se tivesse resumido ao essencial: permanecer ao lado da Wanda, montar a árvore, instalar os enfeites luminosos por toda a casa e também no jardim, a cada Natal. Era altiva a maneira como, nas sucessivas vésperas de Natal que passei na casa da vovó, ele permanecia na sua felicidade centrada, indiferente ao fuxico, ao ruge-ruge de gente. Os homens sentavam numa mesinha na varanda, bebiam e conversavam e o meu avô em sua placidez distante, separado dos assuntos mundanos.

Era auto-suficiente. Ele se bastava. Fazia os próprios projetos e os executava, como no dia em que resolveu dirigir seu velho Diplomata SS, rubro-negro. Depois de tanto tempo sem guiar, simplesmente pegou das chaves, deu a partida e a aventura acabou numa frondosa árvore que se erguia na calçada oposta, bem em frente à garagem, com uma lanterna quebrada.

Tive a alegria de vê-lo e ajudá-lo a consertar seus carros. Detinha uma técnica toda especial para fazer com que o motor funcionasse, tampando com a mão a saída de ar do carburador. Por duas oportunidades fui com ele até o Mondubim. Levávamos cloro para a piscina, almoçávamos, e, numa das vezes, o vovô tirou a camisa e se pôs a concertar o motor de puxar água, botava força, praguejava; não havia jeito, não sairíamos dali antes que ele sentenciasse. – Ficou formidável, especial.

Depois de algum tempo que a Trycia freqüentava a casa dos meus avós, ele nos sacudiu a pergunta:

- Porque não casam?

- Com que dinheiro, vovô?

- Ehehehe...Não precisa de dinheiro para casar... – Talvez um dia eu entenda.

O meu avô atingiu um estágio onde os questionamentos e as preocupações cessam. A filosofia resume-se ao ato. Bastava-lhe viver e deixar que os outros, por queridos que fossem, também vivessem. Olhava a vida com um distanciamento confortável, um silêncio cúmplice, uma serenidade de quem sabe que não é preciso se justificar perante ela. Quando me despedia dele, beijava-lhe a cabeça sempre pensando no herpes zoster que lhe atingira a testa alguns anos antes e ele:

- Tá... Felicidades...

Conservava-se austero, as mãos entrelaçadas atrás da cintura e os lábios crispados, fazendo um pequeno beiço. Altivo. Como se não fosse preciso qualquer esforço para se alcançar o sentido da vida.

Nagibe de Melo Jorge Neto 
Juiz Federal e Escritor 

THE NEW COREAÚ ARRE ÉGUA TIMES

quarta-feira, 25 de julho de 2012

É A CARA DO PAI... OU MELHOR, É A CARA DOS PAIS


Não era assim que as "cumadis" diziam quando íam visitar o filho recém nascido da outra? Pois bem: O danadinho já tinha sido parido faz uns dois meses mas somente amanhã será levado a público. Falo da edição comemorativa do The New Coreaú Arre Égua Times. Dez anos depois que circulou o primeiro número. Amanhã nas ruas, nas ruas não meu Deus do céu. Nas mãos dos leitores... Tudo pronto. A logística afinada. Um dos grandes protagonistas desta epopéia: Francisco Eliton Albuquerque Meneses o imortal número dois da Academia Palmense de Letras APL, que ingetou ânimo e muito mais coisa nesta empreitada. Sem falar na colaboração com artigos dele e de sua esposa abordando os mais variados temas da cultura coreauense. Fernando Machado Albuquerque e o professor e blogueiro João Teles de Aguiar participam com crônicas abordando a  necessidade de afinarmos a cultura local como movimentos afins e sobre a bucólica Palma de outrora respectivamente.  Benedito Gomes Rodrigues o imortal número três chega a edição com um convive aos jovens de todas as idades para o deleite "leitural". Pela penas deste aspirante a escriba mor desta nação sucupirana e Presidente da Academia Palmense de Letras fica dois pequenos artigos: Um sobre a importância das organizações de classes, coisa longe de existir nesta terra sucupirana,  os classificados Arre Égua e também uma breve análise sobre como se encontra o sistema educaçional em nossa nação como um todo.

Para complementar o lançamento do mesmo, já está agendado para na Rádio Princesa do Vale FM de 11:00 h ao meio dia entrevista dos doutores Francisco Eliton Albuquerque Meneses e Fernando Machado Albuquerque, falando da Academia e seus objetivos. Por motivo de força maior os ilustres leitores e ouvintes serão poupados de me ouvirem. Mas não duvidem se a noitinha não estivermos no programa do José Marques. 

Em tempo: Para quem espera um jornal nos moldes de dez anos atrás, esqueçam a aridez e acidez de outrora. Como diz o meu amigo e colega Raimundo Marques ele veio entre o Diet e Light. E com idéias saídas de muitas cabeças o que o torna ainda muito mais qualificado se comparado com o anterior que era o meu DNA.

Boa leitura a todos...

Manuel de Jesus Êpa!

Tenho dito... E sempre!!!

terça-feira, 24 de julho de 2012

O LIXO FORA DA LATA


Num rápido giro por parte do entorno da velha Palma, testemunhei perplexo muito lixo acumulado nas vias públicas. Monturo de lixo no acostamento da rodovia que corta a cidade, monturo de lixo nos muros do cemitério, monturo de lixo no leito do Rio Coreaú. A população segue resoluta sua vida em meio a tanto lixo nas ruas, aparentando não se incomodar com o próprio descaso, tampouco com a inércia do Poder Público.
Testemunhei também perplexo a extrema pobreza da periferia da cidade, a ocupação irregular do espaço urbano, o suplício impiedoso do Rio Coreaú. 
As ruas por onde andei nos meus tempos de menino vendedor de peixe permanecem as mesmas, mais pobres e envelhecidas. A Rua do Peão, a Rua de Baixo, a Rua dos Boeiros, a Rua do Cemitério, a Rua da Lagoa... Algumas novas foram abertas, outras ampliadas, mas todas igualmente pobres e carcomidas.    
No leito seco do Rio Coreaú há muito lixo, ossadas de animais mortos e fezes humanas... O Poço do Carro resiste como poço de água esverdeada de odor desagradável. Nada mais de água se avista num horizonte comprido de rio.
Em meio ao passeio desolador, ainda tive a infausta notícia de uma crise abrupta de próstata do meu velho pai. Corremos ao hospital da cidade. Não havia médico! O atendimento do plantão ficava por conta da solícita enfermeira, que, sem recursos, encaminhou o caso para Sobral.    
Na Santa Casa de Misericórdia da terra de Dom José foram logo avisando que não contavam com urologista, sugerindo o Hospital Dr. Estevão. Ali meu velho foi atendido por um ginecologista (sic) e ficou internado por algum tempo. Também não contavam com urologista. Uma hora depois de dores intensas e descaso, conseguimos uma consulta com um especialista numa clínica particular nas imediações.
O atendimento célere e simpático do especialista contrastava demasiadamente com o da rede do SUS. Sugeriu que retornássemos na Santa Casa. Havia a necessidade de uma intervenção cirúrgica de emergência para o esvaziamento da bexiga. 
Fomos alertados da possível demora, mas ainda assim não imaginávamos o quanto padecia a população pobre da Zona Norte do Estado do Estado do Ceará no serviço de saúde da cidade que se ufana da excelência de suas últimas administrações municipais. Misericórdia!
Há decerto grande demanda, mas com um único médico atendendo a emergência, não há corredores para suportar tantas macas agonizantes... 
Depois de horas de dores e indiferença, encaminharam o paciente para a cirurgia, na manhã seguinte avisaram que a tinham realizado. 
É hora de retornar para o urologista...   

quinta-feira, 19 de julho de 2012

GREVE DOS PROFESSORES FEDERAIS 2012



Completaram-se anteontem, terça-feira (17), dois meses de greve dos professores das instituições federais de ensino. Os ministério do Planejamento e da Educação apresentaram uma proposta de reajuste salarial; porém, essa foi recusada.
Houve uma proposta de reajuste de até 45% em até três anos, que até 2015 seria paga em parcelas. Para a Andes (Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior) essa proposto piorou o quadro.
O governo está vendo o crescimento das paralisações e não se manifesta, o que afera ainda mais os setores da educação. A ampliação está sendo cada vez mais rápida e o governo está com maiores chances de perder o controle da situação.
Só no Rio de Janeiro, por exemplo, estão em greve a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (UniRio), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), além da Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) e as unidades do Colégio Pedro II.
De acordo com os professores de algumas dessas unidades, a greve não é somente por um acordo salarial e, sim, por melhorias na carreira, e, de fato, esse 'pedido' está sendo ignorado.
Segundo o professor do Cefet-RJ e membro do comando de greve da instituição, Alberto de Lima, os professores devem recusar a proposta do governo e manter a greve.

Marinara Albuquerque 
2º Ano EM - Colégio Pedro II  

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O DISCURSO PROIBIDO


Em 16 de dezembro de 1968, três dias após a decretação do AI-5, a solenidade de colação de grau dos concludentes da Universidade Federal do Ceará, que seria realizada na concha acústica da Reitoria, foi cancelada pela censura.
Trinta anos depois, em 16 de dezembro de 1998, a solenidade foi finalmente realizada, na mesma concha acústica, com todas as formalidades e emoções que a ocasião merecia.
O orador oficial escolhido à época pelos formandos, o coreauense Galba Gomes leu, na solenidade simbólica, o mesmo discurso que havia elaborado há 30 anos.
Tive o privilégio de ler o "discurso proibido", uma obra-prima que retrata fielmente os sentimentos de uma geração brilhante, além da profusão intelectual, coragem e consciência político-social do jovem odontólogo de origem palmense.  
Trata-se de uma ode às causas que comovem: a liberdade, a justiça social, a educação para todos, o desenvolvimento econômico com respeito à dignidade da pessoa humana... Uma ode demasiadamente atual, já passados quase 45 anos, posto que quase todas as questões que afligiam o jovem Galba Gomes ainda insistem em perturbar nossos dias. 
Galba Gomes pintou, com o pulsar de suas veias, um memorável quadro da nossa história. E, ao contrário de muitos "yuppies sabor baunilha", permanece na luta pela construção de um mundo mais justo.  
Eis o fecho do "discurso proibido", uma página sublime do "rebelde sem pausa", o maior nome das letras palmenses: 

"(...) ocupemos o nosso território; mecanizemos a lavoura; asseguremos a vida atual e a futura das nossas populações rurais; humanizemos a existência dos nossos operários; e eduquemos a nossa juventude para a construção do Brasil como potência mundial. Criemos as nossas indústrias de base. Incrementemos a nossa produção de petróleo. Desenvolvamos as nossas forças produtivas em todos os sentidos.
Aumentemos o número de nossas escolas primárias, médias e superiores. Formemos bons professores. Implantemos no Brasil o ensino gratuito. Enfim, pelo nosso desenvolvimento, asseguremos um mercado de trabalho para os que se preparem para a vida nas faculdades e universidades do País.
Juremos, meus colegas, batalhar pela grandeza material do Brasil. Mas juremos também lutar contra a injustiça social, contra a revogação tácita dos direitos do homem pelos códigos e constituições ditatoriais. Fechemos nossas portas aos estrangeiros que ainda hoje cobiçam nossas riquezas, mas abramos nossos braços àqueles que, emigrando de suas pátrias, queiram trabalhar conosco, ombro a ombro, respeitando e amando nossa bandeira.
E que nosso juramento não passe de mera formalidade. A nossa geração responde pelo futuro do Brasil. Identifiquemos a nossa vida com o futuro do Brasil: nos sofrimentos, nos sonhos, nas esperanças. Dentro de alguns minutos, o destino colocará entre nós a distância física exigida pela diversidade de nossas profissões. Mas estejamos certos de que se faz necessário um ponto de encontro, na encruzilhada de nossos caminhos. Esse ponto de encontro, vós bem o adivinhais: é o futuro de nosso País." (Galba Gomes)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

DICA DE VIAGEM - BsAs


DIÁRIO DE VIAGEM


Chegamos a Buenos Aires num começo de noite fria de inverno. Na primeira vez que estivemos (Aury e eu) em terras portenhas -- há cinco anos e meio atrás --, viemos para curar as dores de uma perda gravídica espontânea traumática.
As muitas alegrias que aquele final de ano quente de verão nos proporcionou viemos retribuir com mais alegria renovada. Uma alegria que possui nome e sobrenome: João Pedro Fontenele Meneses. Nosso filho querido que nos acompanha nesta viagem, com apenas quatro anos de idade mas com muitas milhas  já percorridas.
Um vento gélido na saída do aeroporto saudou nosso retorno. Cruzando a envelhecida área suburbana, as emoções recrudesceram, especialmente quando numa curva de um alto viaduto nos alcançaram as luzes da Av. 9 de Julio com seu majestoso obelisco ao fundo.
Naquela primeira noite, exaustos da longa viagem e padecendo com o frio severo -- o maior que já havíamos sentido (0º) -- não passamos da esquina da Av. Corrientes com a calle Junín. Fizemos umas compras básicas num comércio e logo em seguida, trêmulos de frio, voltamos para dormir. 
Na manhã seguinte fomos ao city tour: Plaza de Mayo, com sua Casa Rosada e Catedral Metropolitana; La Boca, passando por La Bombonera e Caminito; Palermo, Recoleta, San Telmo e Porto Madero, finalizando numa excelente casa de tango vizinha ao Obelisco, onde almoçamos um excelente bife de chorizo regado a muito vinho. No city tour compramos um CD com clássicos de Gardel e Piazzolla.
À tarde fomos às Galerias Pacífico, na calle Florida. Algumas compras, um café, alfajores... Voltamos de táxi ao hotel, à noite teríamos show de tango. Às 20h30min já estávamos no Señor Tango, a mais conceituada casa de shows da cidade, conduzida pela voz inefável de Fernando Soler, um dos maiores intérpretes argentinos da atualidade. No repertório, predominantemente Gardel e Piazzolla.
João Pedro dormiu até o show começar. Depois aplaudiu cada tango efusivamente. 
Na manhã seguinte fomos ao zoo de Palermo. Ficamos por lá até o fim de tarde em meio a bichos oriundos do mundo todo, de tigres siberianos a sucuris amazônicas... A programação do dia foi dedicada ao João Pedro, que passou o dia todo saltitante dando comida para os animais. À noite, exaustos, mais bife de chorizo e vinho no restaurante do hotel mesmo, com o João Pedro dormindo de lado.
Na manhã de hoje fomos às compras de livros, nas inúmeras livrarias e sebos que fizeram de Buenos Aires a capital mundial do livro em 2011. Logo na primeira adquiri Las Venas Abiertas de América Latina, de Eduardo Galeano. Depois vieram Borges, Sábato, em poesia, em prosa, e mais Borges, para uns amigos diletos... Fiquei sinceramente impressionado com o mercado de livros da cidade. Compra-se livro tal como se compra jornal. Todos os dias. Livros de todos os gêneros, de todas as línguas, de todas as áreas do conhecimento. São milhares de livrarias e sebos, muitas umas ao lado das outras. Todas permanentemente com alguns clientes folheando os livros, realidade muito diferente da nossa. Não sei se por influência de Jorge Luis Borges, que viveu embrenhado em bibliotecas, lendo muito e escrevendo sua obra genial. Aliás, Borges lamentou ter perdido o Nobel de Literatura de 1979 para um desconhecido escritor indiano não pelo prêmio em si, mas pela enorme tristeza do povo argentino, que sofreu sua derrota tal como uma eliminação da seleção nacional numa copa do mundo de futebol. 
Almoçamos num simpático restaurante patagônio em Porto Madero. No cardápio, bife de chorizo e vinho... À tarde fomos ao Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires - MALBA. Obras incríveis encontramos por lá, praticamente todas de viés libertário. Pena que duas das principais -- o Auto-retrato de Frida Kahlo e Abaporu de Tarsila do Amaral -- haviam sido emprestadas para uma exposição. 
Ao cair do crepúsculo, regressamos para a 9 de Julio e tiramos algumas fotos do imponente Teatro Colón, o terceiro de melhor acústica do mundo, um orgulho nacional. Depois, um McDonald's para o João Pedro, um café para nós e a pé seguimos pela Corrientes até o hotel. No caminho alguns souvenirs e mais livros.
No quarto do hotel, no momento, com João Pedro dormindo, tomamos uma Quilmes e escrevemos estas linhas...  

quinta-feira, 12 de julho de 2012

SEÑOR TANGO


Desde el alma (Rosita Melo): Tango-valsa. Ponto alto do Señor Tango, grande espetáculo recomendável para todos os amantes da arte. "Como un acróbata demente saltaré, sobre un abismo de tu escote hasta sentir que enloquecí tu corazón de libertad..." Buenos Aires – Argentina 

domingo, 8 de julho de 2012

BORGES - POEMAS RECITADOS



Ajedrez - Arte Poética - Borges y yo - El Golem - El poeta declara su nombradía - La noche que en el sur lo velaron - Manuscrito hallado en un libro de Joseph Conrad y Poema de los dones.

"Não sei se sou um bom ou medíocre escritor, porém sei que sou um bom leitor. Um livro é uma coisa entre as demais. Porém quando alguém abre algum livro e o lê com devoção e generosidade então ressuscita Emerson que diz: 'uma biblioteca é como um gabinete mágico que está cheio de espíritos que dormem nos livros.'" (Jorge Luis Borges)

* Em que pese a modéstia, Borges é considerado pela crítica o maior escritor latino-americano de todos os tempos.

sábado, 7 de julho de 2012

BREVE TRATADO SOBRE O FAIR PLAY


A POLÊMICA DO FAIR PLAY... O jogo entre Ceará x Criciúma tem gerado polêmica!!! Desde ontem, já li e ouvi diversos comentários. Alguns, de tão repugnantes, nem mereciam ser publicados...
(mas juro que li no “globoesporte.com”, gente dizer que... “isso é coisa de nordestino” – e aqui não coloco o link exatamente pra não fomentar mais essa “rivalidade medíocre”).

O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO... Do site http://www.significados.com.br/fair-play/, extraímos o seguinte trecho: “O conceito de fair play está vinculado à ética no meio esportivo, onde os praticantes devem procurar jogar de maneira que não prejudiquem o adversário de forma proposital.”

A “TAL” DA CERA X FAIR PLAY... Vou recapitular um lance só e fomentar a primeira questão do dia. Basta apenas rever o replay do jogo!!!

O Ceará diminuiu o resultado adverso de 2 x 0 aos 21 minutos do 2º tempo. Logo após, por volta dos 22:35 minutos, o goleiro Douglas cai pela primeira vez (de um total de 05), requerendo atendimento médico. O jogo fica parado até os 25:12, enquanto o SPORTV mostra os gols dos outros jogos!!! Em um lance, um só jogador, no caso o goleiro Douglas, deixou o jogo parado por quase 03 minutos!! E se fossemos contabilizar os outros atendimentos ao mesmo goleiro??  Quanto tempo teríamos de jogo parado??

Dessa forma, pergunta-se:
Fazer cera é jogar limpo?? fazer cera é agir com fair play?? ou será que fair play quer dizer só “devolver a bola ao adversário???

Longe de responder essa indagação, a verdade é que quem vive esperando por Fair Play pode, infelizmente, morrer ingênuo...

FAIR PLAY X INGENUIDADE.... De qualquer maneira, existe, sim, um tanto de ingenuidade no time do Criciúma!! E aqui não quero me referir só ao Ceará!!! Cá entre nós, será que um time da casa, estando perdendo um jogo aos 43 do 2º tempo, numa partida encarada como “jogo de 06 pontos”, ia mesmo entregar a posse de bola de graça ao adversário??

No futebol, querendo ou não, os jogadores, treinadores e dirigentes são cobrados pelo resultado!!! Verdade seja admitida, é o PLACAR FINAL DO JOGO que salva ou demite o treinador, o goleiro, o atacante... Sabendo disso, os jogadores vão agir de modo a conseguir... O TAL DO RESULTADO!! 
Isso posto, na prática, qualquer que seja o caso, o dito “FAIR PLAY” vale enquanto o resultado não está tão ameaçado!!!

Ou será que, sendo o inverso, e perdendo um jogo importante dentro de casa, o torcedor e os dirigentes desse mesmo Criciúma iam obrigar os jogadores a entregar a bola de graça ao seu adversário, jogando fora a chance do empate??

Por favor, não respondam antes de ler as linhas abaixo!!

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ....  Vamos relembrar um pouco da história. A data, agora, é 15 de Maio de 2007. Neste mesmo Estádio Presidente Vargas, Ceará e Criciúma se enfrentavam por esta mesma Série B e o Alvinegro Cearense vencia o jogo por 1 x 0 quando, após um choque dentro da área, o goleiro Rodrigues chuta a bola pra lateral para possibilitar seu atendimento, como também do atacante Rodrigo Silva, do Criciúma.

Ao repor a bola em circulação, o time catarinense não respeita “fair play”,  não devolve a bola ao adversário e.... empata o jogo!!!

Ao final daquela partida, o então diretor de futebol do Criciúma, Antônio Rakette Benatte ainda disparou que “a reclamação dos jogadores do Ceará é choro de perdedor”http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/kzukars/19,0,1505084,

Como se não bastasse, um certo blogueiro catarinense ainda teve a ousadia de escrever.... isso: http://tigrelog.blogspot.com.br/2007/05/fair-play-o-caralho.html

Sim, eu sei que o tempo era outro, os jogadores e treinadores também. Entretanto, os torcedores que viram o os dois jogos eram os mesmos!!!

E de que são feitos os grandes times brasileiros, senão de sua Torcida??? Enquanto, mês a mês, os jogadores passam, os torcedores permanecem e eternizam a “memória do Futebol Brasileiro” enquanto exercitam a “memória de seus times”!!!

                                  Raphael Esmeraldo Nogueira
                                                              Defensor Público

sexta-feira, 6 de julho de 2012

JOÃO PEDRO - BORA VOZÃO!

ACP GARANTE VAGAS PARA JOVENS USUÁRIOS


Defensoria Pública exige que sejam disponibilizadas vagas para adolescentes usuários de drogas em clínicas especializadas

A Defensoria Pública do Estado do Ceará, representada pelo Defensor Público atuante no município de Maracanaú, Jonatas Martins B. Neto, ajuizou Ação Civil Pública (ACP) em face do Governo do Estado do Ceará e do Município de Maracanaú, exigindo que ambos disponibilizem vagas em clínicas de tratamento, para crianças e adolescentes usuários de drogas.
Segundo informações da Defensoria de Maracanaú, é comum adolescentes e suas mães afirmarem que têm interesse em se recuperar por meio de internação em clínica especializada para abandonar o vício. No entanto, não existe no município um local adequado para onde esses jovens possam ser encaminhados, além de não haver acompanhamento para as medidas socioeducativas, bem como a devida atenção para o problema relativo ao vício em drogas, que acomete a população local.
Ainda de acordo com a Defensoria de Maracanaú, os crimes violentos relacionados ao roubo, latrocínio, homicídio tem, como regra, o adolescente usuário de drogas como agente principal, sendo inúmeros o atos infracionais relacionados a esses casos, tal situação poderia ser minimizada com a intervenção positiva do Estado, mediante investimentos qualitativos na formação humanista das crianças e adolescentes.
O Juiz de Direito da 5ª Zona Judiciária da Comarca de Maracanaí, Fernando Antônio Lucena, deferiu liminar na ACP movida pela DPGE, determinando que o Estado do Ceará e o Município de Maracanaú disponibilizem, pelo menos, 50 vagas para tratamento de crianças e adolescentes dependentes de drogas, sendo 25 sob a tutela do Estado e as 25 restantes para o município, em clínicas especializadas que estejam localizadas em Maracanaú e em cidades circunvizinhas, para internação e tratamento de usuários de drogas encaminhados pela 2ª Vara Cível da Infância e Juventude da Comarca de Maracanaú.
Em caso de descumprimento da determinação, o responsável legal pela Secretaria do Estado ou do Município deverá responder legalmente e criminalmente. A sentença foi expedida na última segunda-feira, 2 de julho.

INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA


"Embora as atribuições procuratórias do Ministério Público tenham sido transferidas para a Defensoria Pública, enquanto não integralmente adimplidos o aparelhamento e a infraestrutura da Defensoria Pública, deve ser aceita a atuação do Ministério Público na defesa de direitos de indubitável relevante interesse social, como é o caso dos direitos previdenciários." (STJ, REsp 1220835/RS, 5ª Turma, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 09.06.2011; LEXSTJ, vol. 263, p. 170)

"Ministério Público: legitimação para promoção, no juízo cível, do ressarcimento do dano resultante de crime, pobre o titular do direito à reparação: C. Pr. Pen., art. 68, ainda constitucional (cf. RE 135328): processo de inconstitucionalização das leis.
1. A alternativa radical da jurisdição constitucional ortodoxa, entre a constitucionalidade plena e a declaração de inconstitucionalidade ou revogação por inconstitucionalidade da lei com fulminante eficácia ex tunc, faz abstração da evidência de que a implementação de uma nova ordem constitucional não é um fato instantâneo, mas um processo, no qual a possibilidade de realização da norma da Constituição - ainda quando teoricamente não se cuide de preceito de eficácia limitada - subordina-se muitas vezes a alterações da realidade fáctica que a viabilizem.
2. No contexto da Constituição de 1988, a atribuição anteriormente dada ao Ministério Público pelo art. 68 C. Pr. Penal - constituindo modalidade de assistência judiciária - deve reputar-se transferida para a Defensoria Pública: essa, porém, para esse fim, só se pode considerar existente, onde e quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art. 134 da própria Constituição e da lei complementar por ela ordenada: até que - na União ou em cada Estado considerado - se implemente essa condição de viabilização da cogitada transferência constitucional de atribuições, o art. 68 C.Pr. Pen. será considerado ainda vigente: é o caso do Estado de São Paulo, como decidiu o plenário no RE 135.328".
(STF,  RTJ 175/309-310)

* A decisão do STF foi dada antes da institucionalização da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

DICA DE CONCURSO - PERFIL DAS ORGANIZADORAS



LAMPIÃO EM LIMOEIRO



No ano de 2002, numa visita ao dileto amigo Chagas de Sousa em Limoeiro do Norte/CE, conheci seu Mundico Sousa, tio-avô do Chagas, ainda lúcido e vivaz apesar dos seus 102 (cento e dois) anos de idade.
Em meio a uma animada prosa, seu Mundico revelou ter testemunhado a passagem de Lampião e seu grupo por Limoeiro do Norte, em junho de 1927, no regresso da invasão frustrada de Mossoró/RN. 
Seu Mundico contou que a cidade toda ficou em polvorosa, aterrada com a possibilidade de o grupo saqueá-la e praticar suas afamadas atrocidades. Seu Mundico, rapaz novo à época, chegou a cavar um buraco no quintal de sua casa, coberto com galhos e folhas, para se esconder do famigerado facínora. 
No entanto, a passagem por Limoeiro foi pacífica, tendo inclusive o grupo posado para a foto histórica acima, de sorte que o esconderijo de seu Mundico não precisou ser ocupado...
Ao final da conversa, indaguei a seu Mundico se, com a aquela idade, mas com uma companheira ainda relativamente nova, ele ainda "quebrava o coco".
O velhinho abriu um sorriso largo e, depois de uma breve pausa, respondeu:
- "Só se for com um machado!"         

quarta-feira, 4 de julho de 2012

AS IRMÃS QUEIROZ


Conheci um livreiro itinerante que se vangloriava de dispor de qualquer coletânea que interessasse ao leitor. Bastava pedir que ele prontamente atenderia. 
Conta-se que certa feita o hilário vendedor não teria hesitado em assegurar que voltaria na semana seguinte com a coleção completa das irmãs Queiroz... 
Perplexo, assim tomei conhecimento do novel trio literário e ora lhes apresento as irmãs Queiroz:

E "A" (...) EÇA DE QUEIROZ

GIOVENTÙ

Se vuoi, puoi esser giovane tutta la vita.
Dalla nascita alla morte sarai sempre giovane, se tale vorrai essere. Non è l'età, la maturitá, l"esperienza che ti fanno anziano o vecchio, ma sei tu che determini la tua età.
Si può essere anziani a 20 oppure a 30 anni, come si può essere vecchio a 40 oppure a 50 anni. Si può essere giovani a 60 o a 70 anni: basta volerlo! Basta sentirsi giovani attratti dalla vita, desiderosi di realizzarsi sempre più e sempre meglio, bisognosi di dare e ricevere amore.
Ecco! L'amore! È l'amore che ci rende sempre giovani dinanzi l'Eterno, l'Immenso, l'Infinito.
Le rughe? Un segno di giovinezza inoltrata, ma non passata! I 60 oppure i 70 anni? Il periodo più bello per vivere con l'esperienza del passato, nel rivedere ciò che hai perduto ed ora puoi avere e godere.
Il problema più importante è il cuore: non bisogna farlo invecchiare: dona ad esso un grande amore, fa in modo che viva sempre nell'amore!
Se il tuo cuore non batte per amore, esso è anziano a 20 anni; è vecchio a 30: se bate per amore è sempre giovane.
Ricordati che deve morire; fa che l'ultimo tuo respiro sia per il tuo amore. Chi muore con l'amore umano giunge dritto all'Amore divino.

Francesco Balsamo

terça-feira, 3 de julho de 2012

HEIDEGGER



"A experiência decisiva do meu pensamento, igualmente decisiva para a filosofia ocidental e para a reflexão da história do pensamento ocidental, revelou-me uma questão que nunca, no passado, fora posta: denominada a questão do ser. Tal questão é de suma relevância porque, no pensamento ocidental, a essência do homem é determinada pela relação entre o ser e a sua correspondente existência." (Heidegger) 

* Livre tradução

domingo, 1 de julho de 2012

NADA DE NOVO NO FRONT



Pintaram minha aldeia
De números, letras e de cores.
Mas esqueceram de pintá-la
De autênticos valores.

Se o povo qual rebanho
É tratado pelos condores,
Não há luz no horizonte 
Para alívio de suas dores.

Na disputa ao trono da tribo
Há sempre os mesmos atores.
Espectro de u'a elite tacanha; 
Assovio de metais tentadores.

Acéfala a caravana prossegue
No círculo de falsos redentores
Esquecida de que só ela mesma
Tem a cura dos seus dissabores.

Quiçá em meio a tanta pedra
Possamos colher algumas flores:
"Arrancar algum roçado da cinza".
Libertar o povo de seus temores.

Francisco Eliton Meneses