quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Véspera de Viagem

Uma insônia que não passa. Essas horas que não passam. Ainda são 2h da manhã. O barulho lento do relógio ensurdecedor. O ronco sossegado do companheiro de quarto. A cama desconfortável de residência universitária. Não consigo dormir. A aurora nem dá aceno. Os olhos secos me levam ao copo d'água. Não tem jeito. Terei de partir mesmo com o semblante sorumbático.
Irei bem cedo, às 5 horas. Não, melhor às 4:30h. Quanto mais cedo melhor. Irei reencontrar o meu amor. Após um demorado mês. Tendo ou não dormido, irei ver o meu amor. Não hei de me preocupar com a insônia. Ela apenas me deixará abatido. Mas não me evitará de ver o meu amor.
Lembro dos seus olhos, das suas carícias, dos momentos em que passamos juntos. A cama já não parece tão dura. O ronco do lado vai aos poucos sumindo. Um acorde distante me embala os pensamentos. O ponteiro do relógio acelera. Passeamos pela praça. Não, já estamos casando, na capela de São Francisco. Nasceu nosso primeiro filhinho. Olha que coisa linda! Vivemos felizes, sem nenhuma ânsia de que o tempo corra.
Instantes depois, o canto estridente do galo me desperta. Já são 6:00h. Já estou atrasado. Devo ir depressa, para ver o meu amor. A partir desta manhã não terei mais saudade!
Fortaleza, 10/09/1999.