quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Quousque tandem abutere (...) patientia nostra?

Tocante à não-prorrogação da CPMF, assisti até tarde da noite a votação e, definitivamente, perdi a esperança com os políticos deste País! Tudo parece guiado apenas pelos interesses político-partidários. É lamentável ver as mesmas figuras que dantes (diga-se: era FHC) defendiam em discursos inflamados a prorrogação, ora defendendo idéia diametralmente oposta, apenas porque é o Lula e não mais o FHC o presidente! Ou seja, esses sujeitos não estão nem um pouco preocupados com as conseqüencias deletérias de suas decisões, querem saber apenas dos seus próprios interesses. Eu, particularmente, sempre fui contra o aumento da carga tributária, inclusive da CPMF, nada obstante ulteriormente tenha mitigado a crítica em face da eficiência que a contribuição acabou assumindo no controle à sonegação. De qualquer sorte, não seria favorável à reinstituição da CPMF, mas acho absurdo a extinção abrupta dos recursos dela advindos, se há comprovação de que estão sendo aplicados corretamente em áreas tão sensíveis como a saúde e o combate à pobreza e em especial por se mostrar eficaz no controle da evasão fiscal... Acho que uma extinção gradual seria bem mais razoável ou talvez ainda mais razoável seria a sua manutenção, ainda que numa alíquota simbólica (0,01%, p.ex.), só pra não perder o instrumento de louvável austeridade fiscal (quem não deve não teme)... Mais lamentável ainda é ver o risinho sínico de sequiosos de poder como Agripino, Tasso e Arthur Virgílio, outrora entusiastas da elevada carga tributária, e da própria CPMF, com ares de vitória, crentes de que estão minando o presidente adversário, quando em verdade estão infligido ao povo mais pobre um doloroso castigo e pari passu conferindo aos grandes sonegadores uma excelente válvula de escape! Esses é que esperam governar o País, decerto através da reinvenção futura da CPMF, da qual eles jamais prescindiriam! A turma da esquerda também deveria ter moderado seu discurso na era FHC, deveria ter analisado o tributo com olhos postos nos intereses do povo e não nos interesses de uma futura eleição presidencial. Por um lado, a não-prorrogação parece até um merecido castigo. Se antes defendiam veementemente a extinção da CPMF, por que agora mudaram radicalmente de opinão? Apenas porque o Lula está no poder?! Isso é muito pouco! Acima disso estão os interesse de milhões de pessoas que dependem desses recursos pra ter saúde e educação! E se é pra haver exoneração fiscal, que se comece exonerando outros tributos bem mais injustos. Não se pode negar que dos tributos que temos a CPMF é um dos que melhor promovem a justiça distributiva, tirando em maior proporção de quem tem para amparar quem não tem!
Haja incoerência! De todos os lados!
P.S.: Tenho indisfarcável convicção de esquerda, mas esse episódio me deixou profundamente consternado, inclusive com a própria turma da esquerda.

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