quarta-feira, 29 de abril de 2020

Vetusta homemagem


– Sim, eu sou. Mas protesto pelo escriba... ("Maldição sobre vós, doutores da lei! Maldição sobre vós, hipócritas! Assemelhai-vos aos sepulcros brancos por fora; o exterior parece formoso, mas o interior está cheio de ossos e podridão"; - Mateus, cap. XXII). Sou apenas um técnico, com técnica apenas dentro da técnica. Fora disso sou louco, com direito a sê-lo. E nalguns lampejos de sanidade, lembro-me de render-lhe encômios (Louvação à genialidade num mundo cada vez mais parvo). Louvo o seu espírito livre, a sua mente genial, a sua cultura valerosa, os seus anos idos e vividos... Louvando-o, louvo a arte e a divina centelha humana...
Já o louvava, silente, nos nossos monólogos. Louvava com olhos atônitos, quais o do jovem Heine ao ver passar Napoleão. E penso sempre comigo: Voilà, un homme!
Penso que estás agora inda mais arriba, mestre... Livre da "virilidade" de um insano algoz... Com tempo em demasia pra se dedicar à poesia, à música, à advocacia... Longa é mesmo a arte; breve, muito breve, é a vida. Por que não voas, poeta? Tens as asas de um condor e um Olimpo que te espera. Não disseste que não temias contrates nem mudanças, andando em bravo mar, perdido o lenho?? Alors, c'est l'heure de partir!!
O "an poet" foi proposital. Queria ver se o mestre não perdera o hábito de aplacar nossas teratologias gramaticais...

To Tatais

24.4.2004.

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