É muito estranho ver jovens, na flor da idade, flertando com o que há de pior e mais velho na política. Jovens que, naturalmente, ao menos por toda uma ebulição hormonal, deveriam estar pensando em mudar o mundo, estejam justamente pensando em resgatar o pior da experiência humana, encarando o outro com intolerância, tratando-o como inimigo, desejando destruí-lo pela força. Jovens – inclusive o sobrinho, o primo segundo, o estagiário de Direito (sic), todos com menos de vinte anos – que votam em Bolsonaro, uma excrescência política que incorpora como ninguém a intolerância, o preconceito, a violência como uma panaceia para todos os males, a ignorância travestida de senso comum, tudo isso em um sujeito (minha nossa!) que não emenda com coerência três frases de um discurso. Do Hitler pode-se dizer que era um gênio do mal, um orador, um estrategista político e militar habilidoso, mas o que dizer do Bolsonaro? Bolsonaro é apenas um idiota, um sujeito muito limitado intelectualmente, extremamente insensível, além de arrogante, truculento e desagregador; enfim, um ser humano ridículo. O que faria as pessoas se agarrarem a Bolsonaro como a uma tábua de salvação? Não precisa ser psicólogo para saber que há algo relacionado ao medo e à desilusão, mas o medo e a desilusão é até natural que façam de pessoas de mais idade sujeitos mais acomodados e distantes do outro; no entanto, o jovem, por natureza, mesmo com medo e desiludido, não deveria cair na desesperança e na tentação do ódio, não deveria abraçar o primeiro sem-noção que promete a solução fácil dos problemas complexos atuais com fórmulas já fracassadas sistematicamente ao longo da história. Os jovens tendem naturalmente à tolerância, à sensibilidade e à inteligência. É com essas forças que normalmente constroem o novo... Aliás, em que novidade está pensando a nossa juventude? Que norte pretende adotar? Quem são atualmente os seus referenciais e as suas fontes de inspiração? Houve épocas em que os jovens se inspiravam em Cristo, em Gandhi, num filósofo qualquer ou até mesmo num cantor de rock que pregava a paz... Em quem a juventude atual se espelha? Onde está sendo plantado o novo? Em quem se inspira o jovem que vota no Bolsonaro? Bolsonaro é o retorno à barbárie, à lei do mais forte, do olho por olho, da violência e da intolerância, o que há, enfim, de mais velho e tosco da experiência humana. Bolsonaro é o nosso inconsciente primitivo sem domesticação. Bolsonaro é uma caverna empoeirada e coberta de teia de aranha que deveria gerar repulsa no jovem. Bolsonaro é o velho (mais velho) e não o novo! O novo ainda não apareceu e cabe aos jovens construi-lo, mesmo com medo e desilusão!
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