segunda-feira, 30 de abril de 2012

RESPOSTA A LEONARDO PILDAS


Estimado Leonardo Pildas,

Recordo de, ainda criança, ter lido um belo texto de sua lavra e de, curioso, ter indagado a minha mãe sobre quem seria Leonardo Pildas. As palavras dela foram as mais elogiosas, tendo ressaltado com especial carinho que a sua saudosa genitora havia sido professora dela.
Daí, guardei o seu nome, pelo talento estampado no texto e pela coincidência materno-escolar. Aliás, meu "Menezes" é gravado com "s", por um lamentável lapso cartorário, mas deveria ser com "z", tal como o seu, porque sou "Menezes" pela linha materna e paterna; de modo que, se formos perscrutar nossas ascendências, seria provável encontrar entre nós algum parentesco não tão remoto.
Depois daquele primeiro texto, já li muita coisa sua, crônicas, contos, poemas, memórias (...). Tudo sempre escrito com refinada erudição, com notável valor na forma e no conteúdo. Posso confessar que sou um seu leitor voraz. E como um razoável leitor que me considero, reconheço-lhe como um grande mestre da pena – e da cultura em geral –, cuja envergadura transcendente em muito os limites palmenses.
Certa feita, nas minhas andanças pelos sebos da capital alencarina, há um lustro aproximadamente, dei com você n'O Geraldo, acorrendo-me um enorme desejo de entabular um colóquio. Lamentavelmente, o meu irritante acanhamento não o permitiu, permanecendo ainda hodiernamente a frustração pelo desencontro.
Saiba, portanto, de antemão, que lhe devoto toda a minha reverência, reconhecendo em você um enorme talento que enobrece sobremaneira a cultura palmense.
Tirante o apreço intelecto-cultural, que já nutria por você há tempos, agora lhe tenho outro, para mim ainda mais relevante, relacionado à nobreza do caráter, à solicitude no trato e à humildade de reconhecer as próprias limitações.
Confesso que fiquei meio apreensivo antes de abrir o seu texto enviado por e-mail, por recear ter eu revelado porventura um viés de ingratidão por tudo quanto você tem feito ao longo de décadas em prol do engrandecimento cultural da nossa terra. Mas eis que tive a grata surpresa de deparar com uma gentil aceitação da crítica, com a humildade inerente aos grandes de reconhecer os próprios deslizes, em meio a uma emocionante confissão de apaixonada dedicação e dos percalços que envolveram o preparo da grandiosa obra sobre nossa terra e nossa gente.
Tais palavras soaram-me qual um poema, por refletirem, além da grandeza do escritor, a grandeza do homem – somente não descoberta antes decerto por não conhecê-lo pessoalmente.
Os seus 18 (dezoito) anos dedicados à "História de Coreaú", Pildas, nos renderam uma obra grandiosa. Uma obra digna de muitos encômios, que dignifica demasiadamente a cultura palmense. Uma obra notoriamente produzida com amor, talento e dedicação.
No entanto, como toda obra humana, é natural que carregue algumas omissões. E a benção de tê-lo ainda jovem e saudável nos dá a confiança de que eventuais lacunas serão colmatadas em edições vindouras.
A crítica no tocante à maior ênfase que esperávamos no enfoque da questão agrária que vitimou o Benedito Tonho é uma ressalva pontual que em nada ofusca a grandeza da sua obra. Imagino o quão difícil para você, à época na Bahia, tenha sido colher informações sobre o episódio que vitimou o Benedito Tonho, mormente numa época ainda distante das comodidades proporcionadas pelo internet...
Outro aspecto não tão pontual, mas necessário, caso a obra proponha-se a manter fidelidade ao título de "História de Coreaú", diz com a adoção, em edições vindouras, de elementos críticos do processo de formação e de evolução econômica, política e social da nossa terra. Talvez se trate de sugestão despropositada, de quem tomou conhecimento ao menos da história do Brasil unicamente pela leitura de Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Celso Furtado. De toda sorte, é sugestão de quem espera o melhor para a sua gente e de quem confia, independentemente de formação acadêmica em História, na inteligência e no talento do genial autor da "História de Coreaú".
Noutro passo, ainda que tardiamente, apresento meus sinceros agradecimentos pelas elogiosas palavras no seu artigo "Letras palmenses", publicado no RM no Foco. Acho sinceramente que minha contribuição para a grandeza das letras coreauenses é praticamente nenhuma, mas, dada a singeleza do "Leruá da Palma", fico deveras agradecido pela generosidade das palavras.
Demais disso, retornando à "História de Coreaú", há no volume que adquiri – e que mantenho em destaque no meu modesto acervo – uma omissão enorme, que me deixa intrigado há longas datas, uma omissão que não diz propriamente com a historia nem com a geografia de Coreaú. Tal omissão, gritante, diz com a ausência do autógrafo do autor da obra – há muito desejado – e quiçá uma breve dedicatória. Tal relevante omissão continua a me inquietar na obra. Mas mantenho a esperança de que ela seja solucionada em breve...
Com nosso respeito e nossa admiração...

Fortaleza, 30 de abril de 2012.

Francisco Eliton A Meneses

P.S.1: Pode, sim, imprimir o texto do Benedito Tonho para o Arquivo Memória de Coreaú, não pela qualidade do poema, mas pela relevância do grande conterrâneo vítima das injustiças sociais.

P.S.2: Não sou Defensor Público em Fortaleza; na verdade, atualmente estou lotado em Aracati. Talvez daqui a um ano retorne à capital.

sábado, 28 de abril de 2012

BENEDITO TONHO




De que vale uma informação, 
 De periódico distante transcrita? 
No cenário histórico de exploração,
 Co' a relevância do mártir não-escrita? 

A história não se escreve com omissão,
Das causas das lutas por mudança.
A história revela o cenário em evolução,
 Ou confronta a reacionária esquivança.

Benedito Tonho é o sonho de liberdade. 
A cobrança dos oprimidos por respeito.
A esperança de um mundo de igualdade.
A bandeira da luta popular por direito.

Salve o Benedito Tonho!
Salve o Benedito Dito!
 Salve todos os Beneditos!
Que lutam por um mundo de sonho!
Salve a Palma e seus verdadeiros mitos!


P.S.1: Benedito Tonho é um coreauense morto na comunidade de Queimadas, Distrito de Ubaúna, Coreaú (CE), por conta de conflito de terras, tendo-se convertido num dos símbolos da luta popular por direitos.
P.S.2: Benedito Dito é como também é conhecido Benedito Gomes Rodrigues, titular da cadeira nº 3 da Academia Palmense de Letras.

A POESIA E A REALIDADE




                   A poesia e a realidade,
                   Num pitoresco confronto, 
                   A frieza poética do bronze,
                   Co' o delírio do ébrio passante.

                   Drummond, o sentimento do mundo;
                  O mendigo, o mundo sem sentimento;
                   Não há saber qual o mais sincero,
                    Se em ambos há igual olhar singelo.
                  

sexta-feira, 27 de abril de 2012

ANEDOTAS DO QUINTINO



Quintino Cunha (1875-1943), poeta e advogado criminalista, foi uma figura folclórica cearense. Eis algumas de suas anedotas.

DESCONCERTANDO O ADVERSÁRIO

Conta-se que, numa audiência em Fortaleza, um professor de hipnose era acusado de furto.
A certa altura, disse este, em sua defesa:
– Se eu quisesse fugir, poderia fazer todos aqui dormirem!
O advogado Quintino Cunha, que acompanhava a audiência, interveio:
– Não é preciso, deixe isso a cargo do seu advogado!

Noutra feita, corria uma audiência quando o juiz advertiu o causídico, dizendo:
– Doutor Quintino, eu estou montado na lei!
– Pois mal faz Vossa Excelência em montar um animal que não conhece!

LEGÍTIMA DEFESA DA PACIÊNCIA

Certa feita, Quintino foi contratado para defender um bêbado acusado de assassinar um cidadão rico que sempre o insultava na rua.
No tribunal do júri, dirigiu-se ao Juiz da seguinte forma:
– Meritíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito. Meritíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito. Meritíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito. Meritíssimo Senhor Doutor Juiz…
A estas alturas, o juiz, já impaciente, interrompe:
– Um momento, doutor! O senhor vai fazer a sua sustentação oral ou não?
E então o advogado responde:
– Pois então, Excelência… Eu lhe chamei quatro vezes de um título que honrosamente lhe pertence e o senhor me interrompeu, visivelmente irritado… Imagine se eu passasse todos os dias em sua frente, durante vários anos, e lhe chamasse de "Cara de tabaco"… O senhor não me daria um tiro?

TRAPAÇA NO JÚRI

Certa vez, no tribunal do júri, Quintino levou até o promotor à comoção ao dizer que o acusado era arrimo de família e cuidava sozinho de sua mãezinha cega de mais de oitenta anos:
– Não olhem para o crime deste infeliz! Orem pela sua pobre mãe, velhinha, doente, alquebrada pelos anos e pela tristeza, implorando a misericórdia dos homens, genuflexa diante da justiça, se desfazendo em lágrimas, pedindo liberdade para o seu filho querido!
O réu foi inocentado. Na saída do tribunal, um dos presentes, sensibilizado, aproximou-se do causídico:
– Doutor Quintino, quero fazer uma visita à mãe daquele infeliz, pois quero ajudá-la!
– Ora! Eu sei lá se esse filho de uma égua algum dia teve mãe!

(Adaptado do livro "Anedotas do Quintino", de Plautus Cunha)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

DON QUIJOTE DE LA MANCHA



"Así, ¡oh Sancho!, que nuestras obras no han de salir del límite que nos tiene puesto la religión cristiana, que profesamos. Hemos de matar en los gigantes a la soberbia; a la envidia, en la generosidad y buen pecho; a la ira, en el reposado continente y quietud del ánimo; a la gula y al sueño, en el poco comer que comemos y en el mucho velar que velamos; a la lujuria y lascivia, en la lealtad que guardamos a las que hemos hecho señoras de nuestros pensamientos; a la pereza, con andar por todas las partes del mundo, buscando las ocasiones que nos puedan hacer y hagan, sobre cristianos, famosos caballeros." (Don Quijote de La Mancha) 


"Sonhar mais um sonho impossível.
Lutar, quando é fácil ceder.
Vencer o inimigo invisível.
Negar, quando a regra é vender."
Chico Buarque


Don Quijote de La Mancha, do espanhol Miguel de Cervantes, foi eleito em 2002 o melhor livro da lireratura de todos os tempos, numa pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Nobel da Noruega com os mais renomados escritores da atualidade.
Tive o enorme prazer de ler o Dom Quixote no original, com os naturais percalços da "hermana" língua castelhana. Em verdade, reputo o Dom Quixote minha maior façanha no universo da leitura, nem mesmo superável pelo apreciar paulatino, que sigo claudicante, da Divina Commedia, no dialeto de Dante.
O Dom Quixote é um grande clássico da humanidade, merecidamente eleito o maior de todos os tempos; uma leitura obrigatória que influenciou escritores como Dostoievski, Shakespeare, Walter Scott, Charles Dickens, Gustave Flaubert, James Joyce, Jorge Luiz Borges, Machado de Assis, Lima Barreto... Enfim, quase tudo de bom que lhe sucedeu.
As andanças do engenhoso cavalheiro idealista, defensor dos fracos e oprimidos, acompanhado do seu fiel escudeiro, parvo e realista, Sancho Pança, são uma das minhas grandes influências, uma eterna inspiração, na arte e na vida. 

Francisco Eliton Meneses

segunda-feira, 23 de abril de 2012

DEFENSORES PÚBLICOS - ESTADO DE GREVE


Defensores públicos do Ceará entram em estado de greve a partir de maio

domingo, 22 de abril de 2012

O LERUÁ DA PALMA



Já não temos quase nada,
Tradição quase nenhuma,
Salvo réstia de passado,
Relegada e moribunda.
Ainda recordo do tempo,
Manhã turva de outrora,
Ao romper d'aurora gris, 
De certa Páscoa canora.
Cedo que havia desperto,
Co' inocência inda pueril. 
Indaguei curioso da horda,
Que cruzara a tarde febril.
No sereno da velha Palma,
Em meio à missa da Matriz,  
A horda cruzara altaneira,
Co' irresistível força motriz.
Recolhida na manhã do dia,
A verba da inseparável cana,
Partia reluzente de alegria,
Da Palma a luzidia caravana.
Em busca do pau do Judas
Seguia meio-dia ao serrote,
Avultando ao final da missa,
Sem nada a deter-lhe o trote.
Ao chegar deitavam a planta,
O "Judas" de cima desciam,
Aos poucos surgiam as rodas,
As toras de pau se erguiam.
Minha mãe então me disse:
"Meu filho, tu viste o Leruá.
Uma tradição popular primeva,
Das poucas que temos no lugar.
Nos meus tempos de menina,
Já me embalava o entoar:
'Sá Chiquinha, Sá Chiquinha,
Se a cachorra lhe mordeu,
Como eu gostava dela,
A dentada não doeu,
E tora, tora, Leruá!
Vamos torar! Leruá!
Pancada dura, Leruá!
De marruá! Leruá!
Levanta o pau, Leruá!
E vamos lá! Leruá!
Vicente Chico, Leruá!
É o campeão! Leruá!
O eterno rei, Leruá!
Da tradição! Leruá!
Salve o Cachica! Leruá!
Não morre não, Leruá!
O que nos toca, Leruá!
O coração! Leruá!'
(...)"

Fco Eliton Meneses

sábado, 21 de abril de 2012

PARA O AMIGO POETA GILMAR PAIVA - DEFENSOR DOS HUMILHADOS E OFENDIDOS



PARA O PRESIDENTE DA ACADEMIA PALMENSE DE LETRAS - UMA JOIA DA HUMANIDADE




Giuseppe Verdi - Nabucco - Va, pensiero
Nabucco è la terza opera (il titolo originale è Nabucodonosor) di Giuseppe Verdi e quella che ne decretò il successo.
Va, pensiero (Va, pensiero, sull'ali dorate) è uno dei cori più noti della storia dell'opera, collocato nella parte terza del Nabucco di Giuseppe Verdi (1842), dove viene cantato dagli Ebrei prigionieri in Babilonia. 

Tradução

Vá, pensamento, sobre as asas douradas.
Vá, e pousa sobre as encostas e as colinas.
Onde os ares são tépidos e macios.
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do Jordão
E as torres abatidas do Sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos, 
Porque choras a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito, 
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de Jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o Senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.

"Não existe nada mais subversivo do que um subdesenvolvido erudito." Geraldo Vandré

P.S.: Para quem porventura não saiba, o presidente da Academia Palmense de Letras é o escriba-mor coreauense Manuel de Jesus, co-fundador e titular da cadeira nº 1 da APL. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

SALVE O DIA DO ÍNDIO



Cai o sol na terra de Makunaima 
boa vista no céu, lua cheia de mel
sobe a serra de Pacaraima 
eu sou de Roraima 
surubim, tucunaré, piramutaba 
sou pedra pintada, buriti, bacaba 
Caracaranã, farinha d'água, tucumã 
curumim te espera cunhantã 
um boto cantando no rio 
beijo de caboclo no cio 
parixara na roda de abril, se abriu 
linha fina no meu jandiá 
carne seca, xibé, aluá 
jiquitaia, caxiri, taperebá... 
(Zeca Preto/Neuber Uchôa)

* Minha homenagem, carregada de saudade, especialmente aos índios de Roraima, terra que me acolheu carinhosamente por dois anos e meio inesquecíveis! De quem tive a honra de receber - como prova de amizade - um espelho para ver melhor o mundo!

domingo, 15 de abril de 2012

O ÚLTIMO JUDEU DE VINNITSA



Quando o ódio insano vira um norte tempestuoso,
A semente do mal viceja a insensibilidade humana.
Quando a megalomania encontra adepto fervoroso,
A ignorância prolifera a pérfida insensatez tirana. 

Se o aplauso em volta açula o demente impetuoso,
 A besta enterra a inocência aflita co'a frieza leviana. 
Se a nuvem negra varre a superfície do solo sinuoso,
A semente do bem se rebela contra a farsa mundana.

A luz resseca a soberba do covarde presunçoso, 
A treva faz-se o desterro da ignomínia profana,
Quando renasce imponente o sentimento virtuoso. 

A austeridade judia é gêmea da liberdade cigana. 
O jugo do semelhante um viés maníaco defeituoso. 
Aos humilhados e ofendidos a igualdade soberana.

Eliton Meneses

sexta-feira, 13 de abril de 2012

OS CÃES CRUZARAM AS MONTANHAS


A Sabedoria dos Ditados Populares
Por Ricardo Conde

Caríssimos leitores,

Quando fui convidado para escrever no Portal Fronteira da Paz, coloquei ao meu interlocutor – Julio Reinecken – que, além de textos próprios, gostaria de compartilhar as “pérolas” que encontro em minhas andanças pela Internet, pois sou um “buscador incansável” e, pode-se até dizer, tenho a “sorte” de encontrar textos e mensagens, talvez desconhecidos da grande maioria, que podem ajudar a muitas pessoas.
Foi-me dito que eu teria total liberdade de escolher os temas que publicaria, desde que citasse a fonte ou tivesse a permissão por escrito dos autores.
É o que, graças a Deus, tenho feito.
Herdei de minha mãe o gosto pelos Ditados ditos “populares”.
Acho que, sem sombra de dúvidas, eles encerram verdades incontestes a respeito das intrincadas relações existentes entre os seres humanos.
Nos últimos dias, não sei por que, veio-me à lembrança essas grandes verdades incutidas em pequenas sentenças que nos levam a reflexões muito mais profundas. Talvez o meu subconsciente esteja me fazendo lembrar delas, em função de fatos que estejam acontecendo em minha vida.
Eu, no entanto, acho que essa inter-relação consciente-inconsciente é plenamente salutar...
Três textos foram por mim selecionados, para brindar aos meus queridos leitores, nesta oportunidade.
Acredito que essas verdades ainda estão plenamente vigentes nos nossos tempos atuais, apesar da antiguidade de suas formulações. Acredito, mesmo, que MERECEM SER RELEMBRADAS.
Espero, sinceramente, que lhes sejam úteis. E que o Grande Arquiteto do Universo (tenha o Nome que tiver, de conformidade com as suas convicções pessoais) esteja, sempre, em seus corações!

[Texto 1]
OS CÃES LADRAM E A CARAVANA PASSA

(...)


Site da fronteira entre Sant'ana do Livramento/RS e Rivera/Uruguay

CUESTA ABAJO - UN CLÁSICO DE SIEMPRE



Cuesta abajo
Tango 1934
Música: Carlos Gardel
Si arrastré por este mundo
la vergüenza de haber sido
y el dolor de ya no ser.
Bajo el ala del sombrero
cuantas veces, embozada,
una lágrima asomada
yo no pude contener...
Si crucé por los caminos
como un paria que el destino
se empeñó en deshacer;
si fui flojo, si fui ciego,
sólo quiero que hoy comprendan
el valor que representa
el coraje de querer.

Era, para mí, la vida entera,
como un sol de primavera,
mi esperanza y mi pasión.
Sabía que en el mundo no cabía
toda la humilde alegría
de mi pobre corazón.
Ahora, cuesta abajo en mi rodada,
las ilusiones pasadas
yo no las puedo arrancar.
Sueño con el pasado que añoro,
el tiempo viejo que lloro
y que nunca volverá.

Por seguir tras de su huella
yo bebí incansablemente
en mi copa de dolor,
pero nadie comprendía
que, si todo yo lo daba
en cada vuelta dejaba
pedazos de corazón.
Ahora, triste, en la pendiente,
solitario y ya vencido
yo me quiero confesar:
si aquella boca mentía
el amor que me ofrecía,
por aquellos ojos brujos
yo habría dado siempre más.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A Defensoria Pública na visão do STF | Opinião | O POVO Online

A Defensoria Pública na visão do STF | Opinião | O POVO Online



ADI N. 3.965-MG
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. LEIS DELEGADAS N. 112 E 117, AMBAS DE 2007.
1. Lei Delegada n. 112/2007, art. 26, inc. I, alínea h: Defensoria Pública de Minas Gerais órgão integrante do Poder Executivo mineiro.
2. Lei Delegada n. 117/2007, art. 10; expressão “e a Defensoria Pública”,  instituição subordinada ao Governador do Estado de Minas Gerais, integrando a Secretaria de Estado de Defesa Social.
3. O art. 134, § 2º, da Constituição da República, é norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata.
4. A Defensoria Pública dos Estados tem autonomia funcional e administrativa, incabível relação de subordinação a qualquer Secretaria de Estado. Precedente.
5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. 
(STF Informativo 660)

SEM DEFENSORIA NÃO HÁ CIDADANIA! AUTONOMIA JÁ!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

ABORTO, NÃO!



Sempre nos disseram que enquanto há vida há esperança; então, por que interromper a vida? 
Sempre nos disseram para nunca desistir e lutar até o fim; então, por que desistir de sonhar? 
Talvez porque também não nos disseram que a ciência humana é só um ponto perdido na imensidão dos mistérios do universo, que, apesar de enormes, cabem nos nossos corações! 
Talvez porque ainda não nos demos conta de que o ser humano é um todo e não somente um cérebro! 
Talvez porque ainda não nos demos conta de que a vida é o pressuposto e o resto mera decorrência.
Sempre que tentamos desafiar a natureza fomos derrotados.
É  preferível  deixá-la livre para seguir os seus próprios passos. 
É preciso conviver com as diferenças, e aprender a respeitá-las.
É preciso saber que um cérebro vale menos do que um coração. 
É preciso dar voz a quem não a tem, erguido do cômodo divã.
"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã".  

Viva a vida! Viva o direito de viver! 

Fco Eliton Meneses

segunda-feira, 9 de abril de 2012

EIS QUE NASCE A APL!


Rascunho da agenda da semana santa...

E por que desde quinta feira eu tinha recebido convite do colega  Fco Eliton A Meneses para confabularmos e trocarmos algumas idéias, respondi via sms texto com o seguinte teor:
"Uma boa prosa eu enfrento com certeza principalmente se tiver como petisco orelhas fritas. De fiéis e infiéis, é claro. Já vinho, este sim tá sensurado. Não pela têmis sucupirana mas pela dupla da pesada: Gastrite e Omeprazol." 
E como assim ficou combinado disperdicei a sexta e o sábado em passeios banais deixando o pro domingo de páscoa a confabulação final. Nada melhor do que fechar o feriadão com chave de ouro. Em meia manhã e meia tarde traçamos vários caminhos em prol da elevação cultural, minha na maior parte. Da política à ciência, da religião ao cetismo, não tem um vivente desta nação jambonese que não tenha sentido um calorzinho detrás da orelha. Em fogo alto gastei gás e saliva. sem dó nem piedade. Para não mim taxarem de parcial não poupei nem alguns parentes que proximo testemunhavam tal sessão.

Como já tinha sido intimado pelo mesmo a fundar e sentar compulsoriamente na Cadeira número 1 da Academia Palmense de Letras-APL, (nomenclatura ainda sujeita a alterações, mas não dos objetivos) aproveitei o momento e fí-lo. Não simplesmente por que quí-lo, mas por que já era necessário e tardio tal momento. Não é lá tão confortável tal móvel, visto que para não me acusarem usar o poder em benefício próprio, escolhi uma de tiras de couro crú, que se encontravam abandonada na casa de minha mãe, local onde findou a reunião de dois tempos. Ía ser minha mesmo. Por mérito ou por herança.

Por ironia do destino, ou quis o mesmo, que, justamente na páscoa eu me tornasse imortal. Já era hora mesmo. Não bastava ser um aletrado...

Esperem em um breve porvir os postulados básicos e "regimentátórios" de tal agremiação que nasce nesta páscoa e se estenderá por todo o sempre, escrevendo "nastória" jambonese os rastros do caminhar "reto" desta gente  nos "tortuosos" caminhos do escrúpulo, da ética, do social, do econômico e da principal atividade que tanto eleva como rebaixa o homem: A política.

São sete, (conta do mentiro não é mesmo escriba?) o número total de cadeiras. Cinco ainda livres, pois a número dois é com certeza pertencente ao nobre colega có-fundador de tal agremiação Francisco Eliton. Sabatinado que foi  pelo o Escriba-Mor sucupirano neste domingo de páscoa o mesmo mostrou ser possuidor das qualidades juramentadas para ocupação vitalícia de tal trono.

Aos letrados e principalmente os "aletrados" que se façam presente na produção "letratória" visando aquecer as próximas reuniões que sem data certa para ocorrer, com certeza ocorrerão.

Jambom, 08 de abril de 2012

Tenho dito... E sempre!!!

Manuel de Jesus 

(publicado originalmente n'A Trombeta de Jambom: 

Francisco Eliton A Meneses: Não por reputar ser merecedor de tamanha honraria, mas pela nobreza da desafiante causa e pela admiração aos predicados do seu fundador-mor, hei por bem aceitar a indicação para a Cadeira nº 2 da APL, até porque, no momento de sua instituição, mesmo sem o saber, já a estava ocupando...
A singeleza da cadeira de tiras de couro cru - fiel ao ideário da novel instituição - retrata o imenso desafio de ocupá-la, mas reserva um imensurável conforto imaterial àqueles que a dignifiquem.
Aceito a honrosa missão, porque também acredito no sussurro do pássaro pousado nos umbrais da APL, porque acredito que "As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão; Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão." (Drummond)

Salve, salve a APL!

sábado, 7 de abril de 2012

DIREITOS HUMANOS - NA PRÁTICA

Estado do Ceará
Defensoria Pública Geral do Estado
defensoria pública da comarca de TAMBORIL


ExcelentíssimO Senhor Doutor JuIZ de Direito da Vara ÚNICA da comarca de TAMBORIL – Ceará.




EXECUÇÃO DE PENA Nº 3537-54.2011.8.06.0170/0





                         TEODORICO FARIAS ROSA, já qualificado nos autos da Execução Criminal em epígrafe, vem respeitosamente perante V. Ex.ª, assistido pela Defensoria Pública do Estado do Ceará, por intermédio do Defensor Público em exercício nesta Comarca, expor para ao final requerer o que se segue.
01. O requerente foi condenado pelo MM. Juízo da Vara Única desta Comarca a uma pena de 08 (oito) anos de reclusão em regime inicialmente fechado, que vem sendo regularmente cumprida desde 04.03.2011 na Cadeia Pública de Tamboril.
02. Ocorre, Ex.ª, que o condenado é um idoso de 63 (sessenta e três) anos de idade, que sempre morou no Distrito de Sucesso, neste Município, na companhia de sua mãe, senhora idosa de 95 (noventa e cinco) anos, às voltas com diversas moléstias inerentes à idade avançada, a quem ele prestava toda a assistência material e psicológica, tendo, porém, que deixá-la ao abandono abrupta e dramaticamente a partir de sua prisão.
03. A prisão do filho representou um enorme trauma na vida da senhora EXPEDITA DE FARIAS ROSA, mãe do detento, filho com quem ela residia e que representava seu principal arrimo material e emocional. Tal drama foi minuciosamente relatado nas declarações prestadas por diversas pessoas do Distrito de Sucesso junto à Defensoria Pública desta Comarca. 
04. Da declaração de JOSÉ JOSAFÁ CEDRO ALVES, convém destacar que: "quando ele (detento) foi preso ela (mãe) chorou muito e devido a sua bronquite e pelo fato de ser muito debilitada o declarante a levou para o hospital com medo da mesma vir a óbito; (...) Que dona Espedita só abre a boca para perguntar notícias do filho e para perguntar notícias do filho e para perguntar o dia que ele irá voltar para casa, ao que o declarante sempre lhe responde que ela está vindo para lhe dar esperanças; (...)" (cf. doc. anexo).
05. Da declaração de FRANCISCA ARAÚJO MELO, anota-se que: "a D. Espedita hoje está muito debilitada e que o Sr. Teodorico foi quem sempre cuidou dela; que todos ficam enganando a D. Expedita falando pra ela que o Sr. Teodorico está vindo para ela ter esperanças, pois devido a sua avançada idade age como criança; Que a D. Espedita passa o dia chamando pelo filho; Que quem cuida é a filha da D. Espedita, D. Dedice, que já conta com 70 anos de idade, mas como também é idosa e doente, a responsabilidade fica toda pra neta (...)" (cf. doc. anexo).
06. Da declaração de FRANCISCO PAULO LINS, impende ressaltar que: "tem certeza que o Sr. Teodorico não foi culpado do crime, que a própria vítima, Raquel, já declarou que incriminou o Sr. Teodorico porque ele não lhe deu R$ 10,00 (dez reais); Que ela sempre está bêbada pela cidade e que por diversas vezes teve de deixá-la de viatura até sua casa; (...) Que o Sr. Teodorico é um homem de bem, que nunca seria capaz de cometer esse crime; Que até hoje comentam que o Sr. Teodorico está preso injustamente (...) Que é ele quem cuida quem cuida da mãe, que é muito idosa e está precisando muito da ajuda do filho; (...)"
07. Da declaração de ROSIMAR SALVIANO TEIXEIRA, colhe-se que: "por Teodorico ser solteiro, sempre viveu com sua mãe que é doente há muito tempo; Que ela tem uma gripe que não cura e sua perna tem platina, o que dificulta a sua locomoção; (...) Que a neta da Sra. Espedita teve que se mudar da casa de seus pais (Areias) para Sucesso, afim de cuidar da avó; A neta dorme com ela todos os dias porque os outros familiares não tem condições; (...) Que a D. Espedita sente muita falta do filho; que ela só se alimenta quando dizem que o "Dorinho" está vindo; Que fica na calçada chamando ele; (...)" (cf. doc. anexo).
08. A afeição devotada ao detento não é um isolado sentimento materno; na verdade, toda a comunidade do Distrito de Sucesso nutre por ele um especial carinho e respeito, por seu caráter, humildade e simpatia. Uma das declarantes afirma que: "Teodorico é um grande homem, todos sentem muito a sua falta, (...); Que é amigo de todos de sua família e todos lhe querem muito bem" (cf. depoimento de Francisca Araújo, anexo). Um outro declarante consignou que: "sempre quando há algum crime na cidade a população se revolta pedindo a prisão do acusado, mas que no caso do Sr. Teodorico foi diferente, todos ficaram cobrando que ele fosse libertado porque na verdade a injustiça foi praticada contra ele; (...)" (cf. depoimento de José Josafá, anexo).
09. As razões que recomendam a transferência do detento são humanitárias, sociais e pessoais. Humanitárias porque a mãe do detento dentro em breve já não reunirá forças para ficar chamando em vão o filho na calçada, esvaindo-se-lhe todas as esperanças e quiçá a vida, mercê da idade avançada e das moléstias que a acometem, agravadas pela inconsolável saudade que sente do filho preso. Sociais porque a condenação do detento gerou um profundo sentimento de injustiça no Distrito de Sucesso, nutrido pela crença generalidade de que se estava a praticar um lamentável erro judiciário, notadamente quando Teodorico foi arrancado preso do seio da comunidade, para expiar sua pena na Cadeia Pública de Tamboril, de sorte que o retorno do detento ao Sucesso, inda que para cumprir pena, pode representar um simbólico ganho nesse drama pródigo em padecer. E pessoais porque um homem da índole do Sr. Teodorico decerto não suportará por longo tempo o cárcere sem o alento familiar, sem ao menos poder contemplar e abraçar vez por outra sua querida mãezinha...
10. Noutro passo, o pleito do apenado, e mais especificamente de sua família e da comunidade do Sucesso, encontra respaldo na própria LEP, que dispõe, no art. 103, que os presos devem permanecer custodiados em local próximo ao seu meio social e familiar.
11. Demais disso, o Distrito de Sucesso conta com um Destacamento da Polícia Militar, equipado com 02 (duas) celas, no qual laboram 04 (quatro) policiais militares e 06 (seis) agentes do pró-cidadania, revezando-se em escalas respectivamente de 2x2 (policiais) e 3x3 (agentes), reunindo condições suficientes para custodiar o requerente durante o cumprimento de sua pena. Nesse sentido, aliás, é a declaração prestada pelo Comandante do Destacamento (cf. doc. anexo).
12. Quanto ao comportamento carcerário, é bem de ver que o Sr. Teodorico – como se poderia esperar de sua índole – é o mais disciplinado dos detentos da Cadeia Pública de Tamboril. Acerca dele, um dos declarantes afirmou com pertinência "que podem até deixar as portas abertas que ele não vai embora de lá; (...)" (cf. depoimento de Francisco Paulo Lins, anexo). Ademais, as diversas certidões fornecidas pela responsável pela Cadeia Pública e pelos carcereiros são uníssonas em dizer que o detento "tem bom comportamento, que faz o serviço de faxina, distribui o almoço, janta, lava as louças, zela por suas obrigações com muita responsabilidade, é um preso exemplar, não tem feito reclamações ou desordens (...)".
13. Ex positis, requer a V. Ex.ª, com esteio no art. 103 da LEP, a transferência do detento TEODORICO FARIAS ROSA para o Destacamento da Polícia Militar do Distrito de Sucesso, neste Município.
         
                                       Termos em que
                                       Pede e espera deferimento.
                                      Tamboril/CE, 14 de dezembro de 2011.

     Francisco Eliton A Meneses
     Defensor Público

Obs.: O pedido foi deferido e o Seu Teodorico já retornou exultante para próximo de sua mãe e de sua comunidade, estando prestes a progredir para o regime semiaberto, quando se recolherá ao Destacamento  Policial somente durante a noite.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

LEIAM A TROMBETA DE JAMBOM


Eis o nosso escriba-mor palmense, que há muito deixou de ser aspirante! E agora está com um pé na cadeira nº 1 da Academia Palmense de Letras - APL! Dono de um teclado mágico, onde vem talhando, sem parar, uma série de peças antológicas, uma atrás da outra! Diante dos grandes a gente tem que parar e apreciar, lendo e divulgando! Ó curso de datilografia bem feito! 

Manuel de Jesus: "Assim eu acabo ficando acanhado véi... Ou quiçá mais atrevido e acabe sentando de vez. Na cadeira número 1 da APL."

Fco Eliton A Meneses: "Decerto, depois de aboletar-se na cadeira nº 1 da APL, o escriba somente deixará de esquentá-la quanto for 'estudar a geologia dos campos-santos', dado o cunho vitalício do cargo de "imortal" ("Ad immortalitem")."

Manuel de Jesus: "Então assim sendo espero aquecê-la por bastante tempo... Sabe como é né, sou um fanático pelas letras, fanático, a ponto de me tornar um "aletrado". Então espero não adentrar à geologia tão cedo... Que Deus seja o provedor de meus desejos e sonhos." (via facebook)