segunda-feira, 17 de julho de 2017

SONETO XXVI


Como as águas do rio as coisas correm,
Arrastadas no vão da correnteza;
Por qualquer afluente, sem beleza,
Muitas barcas perdidas até morrem. 

Velam noites compridas que decorrem
Sob o canto disforme da tristeza;
Singram vales desertos na certeza
De que todos se agarram, mas escorrem.

Poucas coisas no mundo têm raízes;
Todos vão à procura de descanso,
Quando finda a jornada sem grandeza. 

O que fica do bando de infelizes,
 À deriva na curva de um remanso,
É o espólio da terna natureza.

 Eliton Meneses

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